Bailarina almeja implementar na Praia projeto que usa dança como ferramenta de autoconhecimento

Depois da sua ilha natal, São Vicente, a bailarina e atriz cabo-verdiana Whitney Inocêncio quer trazer o projeto MuDança para a capital.

“O projeto MuDança visa proporcionar o autoconhecimento e o bem-estar físico e mental, junto dos participantes, criando um ambiente leve e otimista, em busca da nossa melhor versão”, começa por explicar Whitney Stephanie Gomes Inocêncio, natural de São Vicente, diz em entrevista ao Balai a de jovem de 25 anos.

Recorda que começou a dançar aos 7 anos de idade, no Estrelas de Cabo Verde, grupo com o qual viajou por quase todas as ilhas de Cabo Verde, e fez duas saídas internacionais, em 2012 e 2014, quando grupo foi convidado a participar de uma competição de ginastas em Coimbra, mais tarde, em Lisboa, para se apresentar com danças tradicionais cabo-verdianas.

Em 2017 a bailarina realizou um estágio num hotel na ilha da Boa Vista, o que fez com que ela saísse do grupo de dança temporariamente. Regressou no mesmo ano a São Vicente, mas decidiu lançar uma iniciativa a solo e começou a dar aulas na Escola Portuguesa e na academia ALAIM, onde esteve até 2019.

Com a chegada da pandemia, Whitney teve de parar, entretanto, mais tarde quando terminou o isolamento, abriu uma oficina de dança no ALAIM, dando aulas para iniciantes e uma amiga para os mais avançados.

Ainda em 2021 colaborou com a Associação ADECO na campanha de combate à poluição por plástico e também idealizou e interpretou uma performance denominada “O último suspiro”, com a intenção de interpretar e representar através da dança.

Mais tarde a mentora, começou por percorrer outros palcos, tais como: as escolas, cadeia, hospital, introduzindo a dança como movimento terapêutico, juntamente com os profissionais de saúde, sendo estes, dos que mais ficaram abalados com a pandemia, por isso Whitney acredita que esta foi uma das suas maiores experiências até então.

Whitney acredita que com a chegada da pandemia em 2020, muitas pessoas acabaram por viver sob pressão social, chegando ao ponto de adoecer, doença essa que acabou por assolar o mundo.

Dança como ferramenta de autoconhecimento

Whitney Inocêncio explica que o projeto MuDança surgiu em novembro de 2021, de forma informal. Enquanto participava numa aula de dança juntamente com amigas, a bailarina encontrava-se num momento em que não se estava a sentir bem para dar aulas e propôs ao grupo para criar um projeto em que pudessem exprimir as emoções através da dança.

A princípio poucas pessoas participavam das aulas, no entanto, com o passar do tempo, surgiram mais interessados em fazer parte do projeto, onde além da dança, a bailarina incluiu o ioga do riso no projeto.

“É um momento de voltarmos mais para dentro, de cultivar o autoconhecimento e, consequentemente, o autocuidado.”

Inicialmente, a bailarina afirma que participavam do projeto apenas jovens mulheres que queriam descobrir os sentimentos dentro de si e saber lidar com os mesmos, mas que atualmente mais pessoas fazem parte do projeto, inclusive homens.

“A Dança e a autodescoberta, consiste no uso da dança, como forma de conectar corpo e mente. Cada um sente da sua forma, abordando a linguagem corporal como uma ferramenta de ampliação da nossa consciência sobre nós mesmos”, explica a mentora.

A jovem explica que propôs à escola de dança Nicole trazer o projeto para a ilha de Santiago e que a escola aceitou de braços abertos. A dançarina acredita que a ilha de Santiago será um ponto de partida para abrir novos horizontes.

“A pessoa é o próprio criador do seu movimento (…) estar num grupo em que se pode conversar, ter liberdade de expressar o que se está a passar na vida”, explica.

De realçar que em meados de novembro Whitney vai estar em Santiago para implementar o projeto MuDança.

Whitney Inocêncio acredita que um dos maiores desafios é o receio do novo e do autoconhecimento, que a seu ver, acredita que possa ser doloroso. “O autoconhecimento é bastante desafiador”, e que uma das suas ambições é fazer uma formação especializada na dança terapia, para poder alargar o projeto.

Cátia Gonçalves/ estagiária

Fotos cedidas pela Whitney Inocêncio , da autoria de @Queila Fernandes

 

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