Ciríaco Delgado quase meio século dedicado à arte de construir instrumentos musicais

Ciríaco Luís Delgado, 60 anos, natural de Tabuga, interior do concelho do Porto Novo, em Santo Antão, tem dedicado a sua vida inteira à arte de construir instrumentos musicais de cordas.

Pelas suas contas, mesmo enfrentado “quase sempre” a falta de matéria-prima, Ciríaco Delgado que vive em Chã de Viúva, na cidade do Porto Novo, já construiu 50 instrumentos musicais, desde o violão, passando pela viola de dez cordas e cavaquinho.

Aprendeu esta arte, à qual se dedica desde os 12 anos, com o seu pai Luís Delgado, já falecido, contando, nesta altura, com 48 anos desta atividade, ou seja, a fazer, mas também, a consertar instrumentos de corda.

“É uma arte que dá dinheiro. Um cavaquinho custa sete mil escudos e um violão por dez mil escudos. Tenho sempre um comprador. Quando faço um instrumento o dinheiro é garantido. Pena que nem sempre acho os materiais para fazer estes instrumentos”, avançou em conversa com a Inforpress.

Foi empregado da Câmara Municipal do Porto Novo durante 38 anos, integrando os serviços de saneamento, mais precisamente “a área de ligação de esgotos”.
Reformado há cinco anos, Ciríaco Delgado quando encontra “materiais” disponíveis no mercado é “capaz de fazer um violão em apenas uma semana”.

“A falta de materiais no mercado dificulta muito o meu trabalho. Nem sempre acho os materiais de que preciso para fazer os instrumentos. Neste momento, por exemplo, estou parado porque não há materiais”, disse “Cirico”, como é conhecido pelas pessoas mais próximas.
Além de construir, ele sabe também, e “muito bem”, tocar praticamente todos os instrumentos musicais de corda, inclusive o violino, garantiu à Inforpress este artesão.

“Aprendi tudo com o meu pai. Aprendi a fazer instrumentos, mas também a tocar. Faço muitas outras coisas, como selas para animais. Faço trabalho de carpinteiro e de pedreiro. Por exemplo, na minha casa fiz todas as minhas coisas. Fiz as portas, as janelas. Tudo”, informou este reservado artesão que, apesar de quase meio século dedicado à arte de fazer instrumentos musicais e de ser tocador de violão, violino, viola e do cavaquinho.

Limitou-se, em todo esse tempo, a participar em algumas tocatinas com colegas e em alguns casamentos e batizados no interior do concelho do Porto Novo.

Com 60 anos, Ciríaco Delgado ainda tem forças suficientes para continuar a fazer o que gosta apesar da falta de matéria-prima, mas diz-se preocupado com a falta de interesse dos seus filhos em dar continuidade a esta arte, embora saibam tocar.

“Eu aprendi com o meu pai, porque desde criança mostrei interesse. Ajudei o meu pai e quando morreu em 1981 ocupei logo o lugar dele, mas não vejo a mesma atitude em relação aos meus filhos, que são tocadores, mas não parecem interessados em aprender a confecionar os instrumentos”, concluiu Ciríaco Delgado.

Inforpress

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