Criadores cabo-verdianos inspiram-se em personagens “di terra” nos livros da I edição da BD PALOP

O projeto BD PALOP deseja tornar a área criativa mais atrativa e aumentar os postos de trabalho para os jovens cabo-verdianos.

Três histórias cabo-verdianas foram publicadas em Banda Desenhada no âmbito do projeto BD PALOP, uma iniciativa que almeja criar postos de trabalhos e dar visibilidade aos criadores de países africanos. A apresentação aconteceu esta quarta-feira, dia 10 de maio, no Centro Cultural Português, na cidade da Praia.

“A turma de Cabralinho e as Bruxas de Monte Vermelho”, “Baía do Inferno” e “Tunuka” são os títulos dos livros dos autores cabo-verdianos e fazem parte de um total de nove obras de Cabo Verde, Angola e Moçambique que foram apresentadas e vão estar disponíveis para venda online.

Apaixonados por Desenho e História

Uma das obras apresentadas na tarde desta quarta-feira foi “A Turma do Cabralinho e as Bruxas de Monte Vermelho”, uma obra de ficção sobre heróis africanos onde crianças que enfrentam três bruxas, uma história criada por Domingos Silva (Luísa) e Coralie Tavares. A ilustradora explica que decidiu usar os líderes africanos porque percebeu que as crianças cabo-verdianas tinham pouco conhecimento sobre os combatentes, então encontrou uma forma de fazer com que os mais novos criassem os seus próprios heróis enquanto conhecem os nacionais. “Quero cativar o público infantojuvenil, dar-lhes uma imaginação mais rica”, sublinha.

A roteirista conta que sempre gostou de desenhar, e logo que descobriu sobre o concurso BD PALOP decidiu participar. Coralie diz que aprendeu mais sobre a banda desenhada com os formadores, já que é formada em multimédia e não tinha muitos conhecimentos em pintura.

O livro “Tunuka” é uma criação de Wilson Lopes e Keila Pereira e conta a história da vila Kawashi que do dia para a noite para a ser assombrada por um grupo de criminosos. Neste contexto surge Tunuka, uma guerreira que aparece para desvendar a conspiração ao mesmo tempo que descobre sobre o seu passado.

O artista plástico e ilustrador, Wilson, de 33 anos diz em tom de brincadeira que gosta de desenhar desde que começou a “riscar nas paredes” e conta que também teve influências da família onde sempre houve amantes do desenho. O jovem recebeu o convite por um amigo e convidou a colega Keila para participar como roteirista.

“Foi uma experiência gigante”, regozija-se o jovem e acrescenta que o que o deixa mais feliz é a liberdade de expressão que teve no processo criativo. Por ser um ilustrador, dificilmente tem a possibilidade de dar opinião nos trabalhos. Considera que esta BD é um trabalho em que a dupla deu tudo de si, de igual modo, o que gerou uma grande sincronia. Afirma ainda estar muito grato pelas formações onde receberam muitos conselhos.

O livro “A Baía do Inferno” da dupla Edna Tavares e Heguinil Mendes retrata a história das vivências e dos conflitos dos habitantes da Ribeira Grande de Santiago durante os tempos de pirataria e é uma obra que está disponível em versão digital.

Todas as duplas foram contempladas com uma bolsa literária anual, formações e mentorias.

Cativar a juventude para a leitura

Em declarações à imprensa, Odair Varela da editora JovemTudo que representa a BD PALOP a nível de Cabo Verde, considera a iniciativa “um dinamizador da banda desenhada em Cabo Verde”, visto que esta fórmula de narrativa traz um estímulo muito grande à leitura na camada infantojuvenil pelo seu carácter “divertido e único”.

A BD PALOP é um projeto lusófono de três anos que foi lançado em abril de 2022 com a missão de incentivar a produção de banda desenhada nos países de língua portuguesa. O concurso almeja criar postos de trabalho para os que trabalham com a área criativa e cultural, o objetivo é continuar a investir na banda desenhada e em novas formas de contar as histórias do continente africano.

O projeto foi um dos vencedores do edital Pro-Cultura 2022 e surge pela mão da Anima Studio de Moçambique, líder do projeto, com a editora cabo-verdiana JovemTudo, da angolana Boom Comics e ainda A Seita, de Portugal.

Adianta que a editora JovemTudo já está ciente das dificuldades de distribuição e de impressão de livros em Cabo Verde e como alternativa vai aproveitar todas as plataformas de divulgação para dar visibilidade aos trabalhos. Odair Varela lamentou os imprevistos com a gráfica que impediram os livros de serem lançados hoje em Angola e Moçambique, mas avança que a apresentação dos trabalhos nestes países vai acontecer futuramente.

Os interessados podem adquirir os livros, impressos ou digitais, dos criadores de Cabo Verde, Angola e Moçambique pelo preço de 800 escudos no site bdpalop.com .

Apenas com as duas edições a BD PALOP já imprimiu 21 mil exemplares, tem 5 pontos de venda em países lusófonos e contou com a inscrição de mais de 100 candidatos à bolsa. A meta é expandir este número para 154 criadores.

Celine Salvador / estagiária

 

ARTIGO ATUALIZADO

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