
Quarta-feira, 22 de Março, 2023
O Atlantic Music Expo 2023 acontece de 10 a 13 de abril, desta vez apenas na cidade da Praia, e as inscrições para os artistas que desejam participar vão até o dia 20 de fevereiro, explica Augusto “Gugas” Veiga, da organização.
Apesar da edição de 2022 ter sido um sucesso em Mindelo, Gugas Veiga explica que por motivos financeiros tiveram de abdicar de fazer o evento novamente na ilha de Monte Cara.
“Este ano é impossível fazermos em São Vicente. Tivemos muitas promessas de financiamento no ano passado que não foram concretizadas e esta não concretização de promessas, a nível da ilha, e como não conseguimos também financiamento, a nível de São Vicente, para este ano, por diversas razões, decidimos fazer só na Praia, onde já temos o financiamento mínimo garantido para que o AME aconteça no mesmo formato de sempre”.
As promessas não cumpridas, por parte de entidades tanto públicas como privadas, levaram com que a organização ainda esteja a pagar dívidas em São Vicente referentes a edição de 2022 que “contam normalizar antes da nova edição”. “Fizemos um orçamento com base naquilo que eram as promessas inclusive do próprio Estado, mas afinal acabaram por falhar connosco nos valores prometidos. Recebemos menos e as dívidas são exatamente essa diferença entre o que foi prometido e o que foi dado. Nós respeitamos o nosso orçamento. Infelizmente, algumas pessoas não respeitaram o seu compromisso connosco”.
A Câmara municipal de São Vicente foi uma das entidades que apoiou a edição de 2022, mas este ano como a edilidade não tem o orçamento aprovado não vai conseguir faze-lo, explica o produtor.
“A nível global, a edição do ano passado foi um grande sucesso mesmo e a repercussão que teve foi grande (…) tivemos uma grande pressão para avançarmos com o evento para este ano devido à procura de profissionais e artistas”, diz o representante da organização.
“Se houver vontade de todos no próximo ano poderemos fazer (em Mindelo), preparando desde já para 2024, se não houver vontade, nós não estamos parados (…) estamos à procura uma forma de termos alguma independência financeira através do financiamento externo”, afirma Gugas.
A abertura do evento na Praia acontece no dia 10 de abril e vai até 13, quinta-feira, quando se dá o pontapé de saída para o Kriol Jazz Festival, evento que regressa após uma interrupção de dois anos.
Estão previstos 24 a 30 showcases, sendo que 50 por cento são de artistas nacionais, residentes e da diáspora. Além disso, o evento prevê a realização dos habituais workshops, conferencias, encontros ‘one on one’ e a feira na Praça Alexandre Albuquerque.
O cartaz do certame vai ser anunciado até 7 de março e os artistas para os showcases serão selecionados por um júri internacional identificado. Brevemente, vão ser abertas igualmente as candidaturas para os delegados e para quem quiser marcar presença com um stand na feira.
A intenção é manter o evento nos palcos dos locais habituais, na Pracinha da Escola Grande e na Rua Pedonal, salienta a mesma fonte e explica que a parceria com o Kriol Jazz permite poupar na logística e nos custos para trazer convidados às organizações dos dois eventos. “Para fazer o AME com dignidade para que seja um bom AME e completo é um orçamento situado entre 16.500 a 18 mil contos”.
O representante do AME salienta que o evento não tem fins lucrativos e acontece através das parcerias e patrocínios de entidades públicas e privadas, entre as quais a CV Telecom, Garantia e EMEP, além do financiamento do governo, sendo que a organização está à procura de novos parceiros para que até à 10ª edição tenha um orçamento independente, nomeadamente através de organizações internacionais.
Quanto à possibilidade de pagamento de bilhetes, Gugas Veiga afasta essa hipótese pois salienta que o AME é um evento de rua, muito popular e que ficaria descaracterizado.
“Este evento é estimado em Cabo Verde, mas as pessoas não têm noção da dimensão do AME lá fora. Há um grande respeito pelo AME”, diz o produtor e salienta que o mercado é um dos maiores e mais importantes eventos musicais e culturais de África e uma referência a nível mundial.
“O AME tem sido bom para a internacionalização de artistas de Cabo Verde, mas também de artistas africanos, no geral, e de artistas internacionais”, salienta e acrescenta que a edição 2022 foi um grande sucesso com um feedback positivo de todos os profissionais presentes. “É a maior montra artística e um dos maiores eventos musicais de Cabo Verde, um dos maiores chamarizes culturais que temos em Cabo Verde e a nível de África. Há uma grande adesão de profissionais da área”, afirma e acrescenta: “não tenho dúvidas que o AME tem sido um dos maiores cartões-postais de promoção de Cabo Verde a nível cultural lá fora”.
O AME é organizado desde 2018 pela Associação Cabo Verde Cultural, que contava inicialmente com 10 empresas (do Sal, São Vicente e Santiago) da área de eventos em Cabo Verde, estando atualmente oito no ativo.