
Sexta-feira, 9 de Junho, 2023
Gelson Patrick de Oliveira, de nome artístico MC Acondize, tem 27 anos e é atualmente um dos artistas mais requisitados para festivais e concertos, tanto no país e na diáspora. Conhecido por temas como ‘E Pa Pila’, que já soma 3,4 milhões de visualizações no Youtube, o jovem é extremamente popular entre a nova geração e já soma 107 mil seguidores no Instagram.
O percurso na área de entretenimento começou ainda no ensino secundário, recorda MC Acondize em entrevista. “Comecei como dançarino e fui animador de festas. (…) Ao concluir o 12º ano de escolaridade, comecei a realizar festas e faturava entre 200 a 300 contos. Estive nesse ramo durante cinco anos. Depois fui abençoado com este talento que nem sabia da sua existência e já estou há quatro anos nisto. (…) A música foi uma oportunidade que apareceu no meu caminho e que agarrei com muita disciplina, foco e determinação. Hoje sou uma das maiores referências a nível de entretenimento em Cabo Verde e em todos os países que têm comunidade cabo-verdiana”, afirma e revela que o nome artístico surgiu em 2018 durante uma brincadeira enquanto apresentava trajes.
Está no mercado da música há quatro anos, mas não se considera cantor. “Ainda não digo que sei cantar. Sou um aprendiz. (…) É uma indústria excelente onde todos os dias estou a aprender e a descobrir algo novo. (…) Abdiquei de várias coisas para me focar a 100 por cento na indústria. Deixei de fazer festas e de sair à noite. Não consumo bebidas e não fumo. Quem trabalha à noite tem que ficar longe das drogas porque é algo que pode destruir a carreira.”
O seu maior hit “E Pa Pila” foi lançado há um ano e já conta com mais de três milhões de visualizações no YouTube. A repercussão foi tão grande que mudou a vida do artista natural da freguesia de São Miguel Arcanjo (Santiago) e que atualmente reside na cidade da Praia.
“(o tema) “E Pa Pila” é que me internacionalizou. Foi graças a esta música que fiz a minha primeira tournée na Europa. Depois abriu-me as portas nos Estados Unidos. Por isso, apelidei esta música de visto (risos). ‘E Pa Pila’ abriu-me todas as portas, mas não a considero a minha melhor música. Acho que ainda não lancei o meu maior som. (…).”
MC Acondize tem conquistado um público principalmente jovem, inclusive crianças, mas as suas letras nem sempre são dirigidas aos mais pequenos. Questionado sobre se já chegou a pensar em se adaptar, o artista diz que atualmente tem mais cautela naquilo que faz, algo que não fazia no início, visto que, pensava apenas em se divertir.
“No início não pensava em nada, simplesmente fazia aquilo que estava a sentir porque a arte não tem limites. As pessoas de mente aberta sabem que a arte não tem nenhum padrão que define o que deve ser usado ou não. (…) Quando entras num mercado onde várias crianças consomem o teu trabalho tens que saber que há certas palavras que não podes usar. Acredito que crianças de dois a seis anos não têm a capacidade para saber qual é a linguagem, a não ser que um adulto a decifra. Mas claro que no meu trabalho tenho a preocupação com as crianças. Não só na música. Hoje sou uma referência quer para os jovens quer para as crianças. Sou visto como um espelho, então tenho cautela naquilo que faço e que ofereço ao mundo para escutar. Atualmente, digo que estou mais maduro naquilo que faço.”
O artista revela ainda que antigamente nem todas as pessoas gostavam do seu trabalho. “Agora estou numa fase em que estou a conquistar os adultos. (…) Nos últimos dois anos, só tenho recebido feedback positivo. Recebo chamadas de pessoas de outros países, bem como mensagens de promotores de eventos internacionais a incentivar-me a continuar a trabalhar.”
De olhos postos em novos mercados
MC Acondize já atuou em doze países europeus e agora está focado em conquistar novos mercados.
“Digo que dentro cinco ou o mais tardar sete anos vou estar mais internacional do que estou hoje. Ainda estou nos mercados onde estão os cabo-verdianos, mas a minha visão é descentralizar para outros mercados que englobam a África. (…) Sei que tenho capacidade para isso. É só ver a minha evolução nestes quatro anos até hoje. Participei em grandes festivais quer em Cabo Verde quer em outros países. Este ano (2023) vou estar em grandes festivais internacionais. Então, vejo que tenho a capacidade de me internacionalizar cada vez mais”, diz e revela que já tem convites para ir atuar em Angola, Guiné-Bissau, Costa do Marfim e Senegal.
No início do próximo mês (fevereiro), o artista vai iniciar uma nova tournée na Europa, um mercado que diz que já conquistou, e pela primeira vez vai acompanhado pelo seu dançarino. “Tenho shows em Portugal, Holanda, França, Luxemburgo, Itália e Suíça”, diz e acrescenta que também tem concertos em Cabo Verde. “Estou com a agenda lotada até o verão.”
O artista promete muita ‘vibe’ e boa energia neste novo ano que pode culminar com o lançamento de um EP. “Tenho várias músicas gravadas. (…) O tema Fresh que conta com a participação do SOS Mucci faz parte do EP. Em princípio, dentro de dois meses podemos lançar mais músicas. (…) Tenho a participação de um grande artista cabo-verdiano e tenho uma música gravado nos Estados Unidos da América. É um som para outro mercado”, conta e avança que os fãs podem esperar um MC Acondize forte e grandes novidades.
MC Acondize está no auge da carreira, mas diz-se com os pés fincados no chão. “Sou um jovem realizado em Cabo Verde. Em quatro anos consegui tudo aquilo que uma pessoa lutou durante grande parte da sua vida. Digo que sou bem realizado, mas não artisticamente. Artisticamente ainda sonho alto. (…) Preocupo-me com o mercado da música e é aqui que entra a gestão financeira. Tens de ver a vida quer como um artista quer como um pai. Ainda não tenho filhos, mas já penso nisso. (…) Então tenho os pés fincados no chão. Enquanto estou no auge da carreira estou a fazer poupanças e investimentos”, conclui.
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