“Os lobos não podem esperar” de Natacha Magalhães apresentado esta semana na Praia

Em declarações à Inforpress, a autora explicou que a obra retrata diversos temas com foco no universo feminino tais como a sua vivência, os seus relacionamentos, os dramas, os amores, desamores, perdas, vitórias, preconceitos, machismo, fatores esses que acabam por exercer um peso muito maior sobre a mulher.

Segundo a escritora, a maior parte das personagens são mulheres, mas há também contos em que os homens são protagonistas, de modo a trazer o outro lado do universo masculino.

Natacha Magalhães adiantou que se trata de um conjunto de textos que aborda temas da sociedade cabo-verdiana, nomeadamente, a violência de género, o abuso sexual de menores, a pedofilia, a repressão social e sexual, a depressão e a solidão, insegurança/ criminalidade e afetos.

“Eu procurei dar voz e pensar nas diferentes mulheres e aproveitei para tocar também em algumas temáticas da atualidade”, apontou a escritora, indicando que a obra aborda aspectos do quotidiano e através das quais lança um olhar crítico muitas das vezes disfarçado com um tom de humor.

Natacha Magalhães, que sempre esteve ligada à escrita infanto-juvenil, diz que sentiu que havia uma necessidade de enveredar para este tipo de escrita, mas também por uma questão de estratégia pessoal, sendo que as pessoas lhe identificam com a literatura infanto-juvenil.

Adiantou que alguns contos surgiram de momentos vividos, sendo que um deles é o “Encontro com o poeta”, um tributo prestado ao poeta Corsino Fortes.

A autora espera que “Os lobos não podem esperar” possa dar um contributo para a literatura cabo-verdiana no seu geral, mas também possa levar as pessoas a reflectir sobre determinados fenómenos que acontecem na sociedade.

A escritora defende ainda que a literatura precisa ser alimentada por uma nova geração, com novos autores, que publicam para que haja uma renovação como acontece em todas as áreas.

Para Natacha Magalhães, o mais importante é que as pessoas gostem e tenham prazer em ler o livro e possam refletir sobre as temáticas.

A apresentação da obra acontece na Assembleia Nacional e estará a cargo das escritoras Eurídice Monteiro e Augusta Évora Teixeira.

Licenciada em Ciências da Comunicação e mestranda em Políticas Públicas, Natacha Magalhães estreou-se na literatura infanto-juvenil em 2009 com a coletânea “Mãe, conta-me uma história” e em 2014 publicou a obra “Sete Contos ao Luar e Outras Estórias”.

Em 2017 lançou a coletânea infanto-juvenil “A Viagem mais fantástica do mundo” e escreveu ainda dois contos, nomeadamente “O segredo partilhado”, para o ICCA e “O coração das ilhas” para o grupo CVT e participou ainda nas antologias “Ser mulher” (Portugal) e “Mulher e seus destinos (Cabo Verde).

Natacha Magalhães é também uma contadora de histórias, tendo já representado Cabo Verde no festival de contos africanos na Costa do Marfim, em 2010, e nos Açores, em 2015.

É mediadora de leitura e ativista cultural, tendo fundado o projeto de promoção e incentivo à leitura “Mala de contos”, que já foi implementado em Pico Leão (Ribeira Grande de Santiago, e São Francisco (Praia).

Inforpres