Portugal: Autor de “Mestiçagem & Cabo-Verdianidade” critica “falta de bases” sobre o tema por parte dos jovens

O autor da obra “Mestiçagem & Cabo-verdianidade”, João Lopes Filho, criticou esta quinta-feira, 02, em Lisboa, a “falta de bases” sobre a cabo-verdianidade por parte dos jovens, e não só, que, por via disso, acabam por fazer “afirmações infundadas”.

Essa critica foi feita pelo professor João Lopes Filho na apresentação da sua obra que tem a chancela da Pedro Cardoso Livraria e que aconteceu no Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), em Lisboa, apresentada por Ângela Coutinho.

“As motivações que me levaram a escrever esse livro é porque desde sempre me preocupei com o futuro sociocultural e, ultimamente, tenho verificado que a juventude cabo-verdiana está sem base sobre esse assunto, por isso, às vezes, fazem afirmações sem fundamentos”, disse o autor, acrescentando os professores de História neste grupo.

Para ele, a vertente histórica é “importante” para Cabo Verde, sobretudo para um país que saiu da situação colonial, mas que a sua função é “lançar pistas que tivessem repercussões”, indo mais longe, afirmando que a situação de Cabo Verde tem sido “usada conforme o interesse dos dirigentes”.

“Por exemplo, Cabo Verde não está praticamente na CEDEA [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental], porque ainda não conseguimos afirmarmos sobre aquilo que somos (…). É essa a realidade, ou seja, tem-se aproveitado politicamente e não socioculturalmente”, criticou.

Por sua vez, a apresentadora Ângela Coutinho, que é investigadora na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Coimbra, acrescentou que toda a história contemporânea de Cabo Verde precisa ser estudada, lembrando que neste momento não existe nenhum curso de licenciatura em História nas universidades em Cabo Verde.

“O autor faz um cruzamento de ideia e disciplinas para que possamos ter uma leitura muito mais clara sobre a sociedade cabo-verdiana (…). Está-se a abrir um outro capítulo da história de Cabo Verde e da cabo-verdianidade, dando espaço muito maior aos historiadores”, frisou.

Numa sala que esteve cheia, depois da apresentação da obra houve ainda tempo para um “pequeno debate” entre o autor, a apresentadora e os presentes na plateia, nomeadamente diplomatas, historiadores, professores, escritores, entre outros.

João Lopes Filho é docente universitário, investigador e escritor, que ao longo dos seus 45 anos de escrita já publicou três dezenas de livros no âmbito do ensaio, biografia e ficção.

Tem, igualmente, mais de uma centena e meia de artigos insertos em revistas e jornais cabo-verdianos e estrangeiros, para além de algumas das suas produções já terem sido traduzidas para inglês, alemão e russo.

É membro fundador da Academia Cabo-verdiana de Letras, da Academia Cabo-verdiana de Ciências e Humanidades, da Associação de Escritores Cabo-verdianos, da Pen Clube de Cabo Verde e da Sociedade Cabo-verdiana de Autores (Soca).

Também faz parte da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Associação Portuguesa de Escritores, da Associação Portuguesa de Museus e da Associação Portuguesa de Antropologia, com as quais colabora.

Inforpress

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