

Samba Jó, Vindos do Mar, Vindos d’África e Bloco Afro Abel Djassi são os grupos que vão participar do desfile oficial a 21 de fevereiro. Em conversa com o Balai os representantes dos grupos falaram das dificuldades, preparativos e das expectativas para a festa do Rei Momo.
Em Achada Grande Frente, no campo junto à Associação Pilourinho há crianças, adolescentes e jovens a ensaiarem para fazer uma performance voltada para o mar que é grande tema do grupo. Vindos do Mar espera trazer uma festa cheia de brilho e folia para deixar as pessoas satisfeitas, já que os anos de pausa deixaram os cabo-verdianos com saudades dessa data.
Entretanto, Amélia Monteiro denuncia a responsável pelo grupo Maravilhas do Infinito, Anita Faiffer, de perseguir o grupo de Achada Grande com a desculpa de que foi enviada pela edilidade para ajudar nos preparativos, chegando mesmo a chamar a polícia para interromper os ensaios. Apesar de entender que Anita poderá estar triste por o grupo Maravilhas do Infinito não poder participar do desfile, a representante do Vindos do Mar pede a intervenção das autoridades já que explica que Anita não pode prejudicar os restantes grupos. O Balai tentou por várias vezes contatar Anita Faiffer mas não conseguiu uma resposta em tempo oportuno.
A responsável do grupo, Amélia Monteiro lamenta a pouca adesão dos jovens para os ensaios, acrescentando que houve uma reestruturação do grupo e foram acrescentadas mais despesas para oferecer uma festa melhor e destaca: “Estamos a fazer isso porque gostamos do Carnaval e queremos celebrá-lo”.
A representante do Vindos do Mar frisa que esse é o objetivo do grupo que se tem esforçado para entregar um trabalho de qualidade apesar dos materiais estarem caros. Para Amélia Monteiro, o valor disponibilizado deixa o grupo feliz devido ao aumento de 50 por cento, em relação aos anos anteriores, mas tem se mostrado insuficiente por causa do atraso na sua atribuição.
Os 30 por cento do valor atribuído aos grupos que foi disponibilizado até agora tem se mostrado também reduzido para o responsável do Grupo Vindos d’África. José Gomes defende que o montante a ser disponibilizado na primeira tranche deveria ser de 50 por porcento do valor total.
Apesar de reconhecer que houve boa vontade por parte do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas para aumentar o subsídio, José Gomes diz que os atrasos na sua atribuição têm complicado os trabalhos.
Apesar dos contratempos o grupo reafirma o seu objetivo de “não deixar o Carnaval da Praia morrer”, e por isso está a preparar um conjunto de novidades para mostrar no dia da festa. Este ano, o Vindos d’África decidiu prestar uma grande homenagem a todos os que perderam a vida por causa da pandemia nos dois anos em que a covid-19 afligiu Cabo Verde. O desfile vai honrar os que faleceram e os que sobreviveram com performances alegres e cheias de energia, revelou o responsável.
Hexacampeão do Carnaval da Praia, o grupo está confiante e espera conseguir a vitória mais uma vez e, ainda levar para os cabo-verdianos uma festa cheia de euforia depois dos dois anos de pausa.
O período de interrupção devido à pandemia foi visto pelo Bloco Afro Abel Djassi como uma oportunidade e um momento perfeito para organizar a equipa, e hoje não só contam com um espaço como também com um contentor para guardar os instrumentos de trabalho.
“Estamos a mil a hora”, conta o responsável Gamal Mascarenhas, adiantando que os preparativos estão a decorrer normalmente e que apesar da pausa apareceram novos jovens a quererem participar do desfile.
Gamal Mascarenhas também defende que a primeira parte do financiamento deveria ser dada mais cedo, pelo menos em outubro, assim os grupos poderiam aproveitar o tempo das férias para fazer os ensaios. Entende que houve boa vontade por parte da Câmara da Praia e do MCIC no aumento do valor, entretanto, reconhece que o atraso do mesmo traz alguns problemas como a impossibilidade de comprar materiais e de receber contributos das pessoas.
Nas ruas a celebrar o Carnaval desde 2003, o grupo Bloco Afro Abel Djassi assinala este ano o seu 20.º aniversário. À semelhança dos anos anteriores o responsável promete um desfile marcante e promotor da cultura cabo-verdiana com “muito ritmo, coreografia e riqueza cultural”. Revela que o tema será “Raça Africana!” e que será colorido com uma batucada característica do arquipélago.
Quanto ao concurso, o representante confessa que não acredita mais em resultados maiores para o grupo, porque conta que já houve momentos em que o trabalho foi bem feito, mas não foram considerados pelos júris. Deste modo, estabelece que o único resultado que o grupo deseja atingir é fazer uma festa melhor do que as que fizeram anteriormente.
Por outro lado, João Elias está bastante confiante em relação à vitória do grupo Samba Jó e acrescenta: “Nós vamos para ganhar”. O representante critica a atitude de alguns jurados que ficam sentados e não assistem ao desfile e no final acabam por dar uma nota mais voltada para as roupas do que para as performances. Por isso, pede uma avaliação mais cautelosa dos júris.
O responsável do Samba Jó avança que o grupo vai sair com o tema “Santiago, Anel Azul e se Maravilha”, mas confessa que os preparativos estão muito atrasados, faltando ainda comprar a música e instalarem os estaleiros. Reforça que o montante do subsídio deve ser dado antes de janeiro, porque a Câmara Municipal da Praia já conhece a logística dos grupos e das festas e devem procurar ajuda-los, principalmente por causa dos dois anos de paralisação das festas.
João Elias afirma que teve enormes dificuldades porque o bairro do Palmarejo não tem espaço para ensaios e solicita um estaleiro próprio na zona para promover espetáculos, para que a festa não morra ou fique de ano em ano. “O Carnaval é uma fábrica e uma empresa”, salienta, adiantando que Cabo Verde só ganhará mais se se investir nessa festa que dá trabalho aos costureiros, ferreiros e outras profissões.
“Nós somos o grupo mais esperado na Avenida, temos muitos fãs”, assegura. Samba Jó espera dar um bom espetáculo para os cidadãos que vão contemplar e apoiar o grupo carnavalesco.
Faltando menos de duas semanas para o desfile, os grupos oficiais estão otimistas quanto ao seu desempenho apesar dos constrangimentos que têm enfrentado e prometem um desfile cheio de folia e brilho.
Os quatro grupos oficiais da Praia foram beneficiados com um montante de 11,8 mil contos do Ministério da Cultura e Indústria Criativas. A Câmara Municipal da Praia investiu seis mil contos no Carnaval e cada grupo receberá 700 contos, tendo até agora sido disponibilizado apenas a primeira tranche no valor de 300 contos.
O desfile terá lugar no dia 21 de fevereiro na avenida, tendo como primeiro grupo Samba Jó, seguido pelo Vindos do Mar e Bloco Afro Abel Djassi e, por último, Vindos d’África.
Celine Salvador/ estagiária
(Texto editado a 19/02)
Fotos SAPO Cabo Verde
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