
Domingo, 29 de Janeiro, 2023
Ângela Brito nasceu em Cabo Verde, cresceu em Portugal e reside há quase três décadas na cidade do Rio de Janeiro (Brasil), mas diz que ainda se sente eternamente estrangeira. E foi esse o tema da sua nova coleção que apresentou na 54ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), que aconteceu de 16 a 20 de novembro na cidade de São Paulo, no Brasil.
Em entrevista ao Balai, a santiaguense diz que “Estrangeira” não é uma coleção nova, visto que vinha a trabalhar nela há muito tempo em paralelo com outras coleções.
“Não estava a entender o direcionamento da coleção, porque sou estrangeira e sempre vivi meio deslocada do meu território de nascimento. Cresci em Portugal e depois mudei-me para o Brasil onde resido há quase trinta anos. Viajo sempre para Cabo Verde, mas não me sinto totalmente integrada”, diz e realça que todo o seu trabalho é pautado pela cultura cabo-verdiana e as suas lembranças afetivas, bem como nas suas experiências e na sua identidade que é multicultural. “Cabo Verde é a minha terra que me alimenta e me inspira, mas há também muitas outras experiências e vivências com os meus 28 anos no Rio de Janeiro, Brasil.”
“Estrangeira” foi uma coleção muito dolorida para Ângela Brito.
“Eu via nela muita dor. (…) E eu não consigo emocionar as pessoas pela dor. (…) Gosto de tocar com a minha criação. (…) Entendi que Estrangeira teria que vir num lugar utópico, no futuro onde as diferenças baseadas em raça, géneros, classe social e etnia perdem o valor diante da riqueza que as trocas culturais proporcionam. Um futuro onde as pessoas tivessem livre circulação”, explica e diz que foi uma coleção prazerosa de fazer, gostou muito do resultado e “a repercussão está a ser incrível”.
Nesta coleção, Ângela Brito cria designs inspirados em modelagens tradicionais, presentes nas formas de vida nômade nos continentes Africano, Asiático e sul americano.
Estrangeira foi apresentada no mês de novembro no São Paulo Fashion Week e Ângela Brito fez questão de levar para a passarela clientes e apoiantes da sua marca, como é o caso da atriz brasileira Camila Pitanga e da arquiteta e apresentadora da Globo Stephanie Ribeiro, que é sua comadre e amiga. A trilha sonora da coleção foi da autoria do músico cabo-verdiano Dino D’Santiago.
“Camila Pitanga é uma pessoa maravilhosa com a qual tenho contacto há anos. Ela é cliente e apoiante da marca. Foi só mais um estreitar de laços e agora está mais próxima. (:::) Ela é uma mulher que realmente vivencia o que prega e tem valores fortes, éticos de postura, de empatia. Camila Pitanga tem valores muito próximos aos da marca e isso é muito importante para mim”, diz.
De Cabo Verde, Ângela Brito levou para a passarela do SPFW o seu artesão António Garcia, que se encontra em formação no Brasil, Filipa Amado, que foi fazer um estágio com a estilista durante a semana de moda e Cindy Cruz, uma mindelense que reside no Brasil há vários anos.
A primeira-dama Débora Carvalho e o embaixador de Cabo Verde no Brasil José Pedro Chantre D’ Oliveira marcaram presença neste que é o 4º desfile de Ângela Brito no São Paulo Fashion Week.
É de realçar que Ângela Brito está nomeada para o Prêmio Band Inspira Rio 2022 na categoria Moda que acontece no dia 12 de dezembro no Rio de Janeiro.
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