
Domingo, 24 de Setembro, 2023
Uma em cada seis crianças morrem por diarreia causada pelo consumo de alimentos não seguros e mais de 300 tipos de doenças são transmitidos por alimentos contaminados, alertou hoje o representante da Organização Mundial da Saúde em Cabo Verde.
Daniel Kertesz, que discursava na abertura da conferência “Normas alimentares salvam vidas: a rotulagem dos alimentos e a proteção dos consumidores” promovida pela Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) para assinalar o Dia Mundial da Segurança Sanitária Alimentar, disse que uma em cada dez pessoas no mundo adoecem devido a doenças originários de alimentos não seguros.
Segundo aquele responsável, a garantia de alimentos em quantidade “seguro e nutritivo” no mercado, é um elemento relevante para atingir as metas definidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), firmando assim a relação de dependência entre a saúde, o bem-estar, a nutrição e a segurança alimentar.
Conforme lembrou, no quadro das estratégias de apoio aos Estados-membros, em 2022 na Assembleia Mundial da saúde foi adoptado um plano global que visa estimular a cooperação entre os países no reforço da segurança sanitária dos alimentos em todo mundo, levando em consideração as “abordagens inovadoras” proporcionadas pelas novas tecnologias.
A visão, reiterou, é que “todas as pessoas consumam alimentos saudáveis” de modo que, sublinhou, possam impedir a transmissão de cargas de doenças derivados dos produtos.
“No ano transato apoiamos a apresentação da candidatura de Cabo Verde a Standards and Trade Development Facility (STDF), o país recebeu uma subvenção para preparação de projetos com o intuito de avaliar o sistema nacional de segurança sanitária dos alimentos e preparar uma proposta para aplicar as medidas baseadas nesta avaliação” disse, apelando à transformação do sistema para tornar a produção e distribuição de alimentos sustentáveis à população.
“A OMS tem por objetivo reforçar a capacidade de prevenção, deteção e resposta às ameaças de saúde pública associadas a alimentos não seguros, mundial e nacional. Anualmente, uma em cada dez pessoas no mundo adoece devido a doenças de origem alimentar “, adiantou, ressaltando que além de contribuir para a segurança nutricional, o abastecimento do mercado com alimentos seguros auxilia na economia, comércio, turismo e acelera o desenvolvimento do País.
“A comemoração da data, instituída pelas Nações Unidas em 2018, visa sensibilizar e demonstrar como prevenir doenças através de alimentos seguros, debater abordagens de colaboração sectorial para melhorar a segurança sanitária de alimentos, promover soluções e fornecer fontes mais seguras em termos alimentares” realçou.
Por seu turno, o presidente do conselho de administração da ERIS, Eduardo Tavares, apontou a prevenção da contaminação biológica por bactérias, vírus e fungos como um dos vários desafios associados à promoção da segurança no país, acrescentando que a contaminação pode ocorrer em qualquer etapa da cadeia de produção.
A contaminação química por produtos como pesticidas, herbicidas, activos alimentares e resíduos de alimentos veterinários constitui outro desafio, indicou, tendo efeitos tóxicos no organismo humano, representando “alto risco” à saúde quando consumidas em quantidade excessiva ou por tempo prolongado.
Segundo Eduardo Tavares, a globalização do abastecimento de alimentos, um aspeto cada vez mais relevante, pode dificultar no rastreamento e controlo da segurança sanitária dos alimentos, constituindo também um elevado risco de introduzir novas patologias no mundo.
“Apesar de Cabo Verde ser arquipelágico e constituir uma barreira natural à circulação de pessoas e bens, o país, por ser fortemente dependente da importação de alimentos para a satisfação das suas necessidades, não se encontra imune a este problema. Neste sentido torna-se imperativo a criação de mecanismos preventivos para a entrada de alimentos não seguros” alertou.
Admitiu que a segurança alimentar é uma preocupação e a disponibilidade de alimentos que “não represente ameaça à saúde” é essencial para o bem-estar das pessoas.
Uma tarefa que, na sua opinião, terá efeito nulo se não houver a colaboração efectiva entre as autoridades de controlo e regulação de alimentos ao nível local, regional e continental.
Segundo o secretário de Estado Adjunto da Ministra da Saúde, Evandro Monteiro, presente no evento, a insegurança alimentar “fez e faz parte da realidade do país”, considerando, muito embora, os “investimentos e medidas acrescidos” para colmatar a problemática.
“O nosso país tem reforçado continuamente as suas capacidades, no sentido do fortalecimento da segurança alimentar na sua população, quer associados ao processo de importação de produto, como na capacidade local de produzir, conservar e distribuir alimentos com segurança e qualidade e ainda no fornecimento destes aos estabelecimentos turísticos”.
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