
Quarta-feira, 29 de Março, 2023
Denise Cardoso é enfermeira obstétrica e proprietária de uma empresa de prestação de serviços de enfermagem a domicílio, bem como mentora da iniciativa Mamita, um centro de cuidados pré-natais. Em entrevista ao D’ Alma Kriola , Denise fala sobre como surgiu esta iniciativa.
“Criei a Mamita para poder apoiar mulheres/casais durante o seu processo gravídico, parto e pós-parto. Para tornar-se mãe ou pai é necessário uma série de competências que naturalmente pensamos possuir, mas quando confrontados com a realidade vemos que é preciso aprender e entender muita coisa. Para amenizar os medos, anseios, dúvidas que todo o processo possa envolver, chega a Mamita para dar resposta e apoiar atráves dos seus workshop’s, cursos de preparação para o parto e acompanhamento pós-parto”.
1. Como defines a tua alma?
Como sendo sonhadora e inquieta. Nunca paro, mesmo a dormir penso constantemente nos próximos passos, com relação a tudo. Onde estou e aonde quero chegar, são questões que me inquietam e me fazem querer superar todos os dias. E por esse facto posso afirmar que possuo uma alma muito teimosa e persistente, que não se deixa abater facilmente perante um obstáculo.
2. O que te torna autêntica?
O querer inovar, mudar paradigmas. Trazer uma ideia de acompanhamento pré-natal, parto e pós-parto diferente, onde para além de munir as mulheres/casais com os conhecimentos necessários ao desempenho do seu papel parental, permite que sejam o protagonista da sua história.
Não me satisfaço com o fazer igual ou de qualquer forma, perante os desafios tento sempre me superar e fazer aquilo que faço o melhor que sei fazer.
3. Como defines uma crioula?
A criola é lutadora, com origens humildes, e pés descalços. Não tem a vida como garantida e procura conquistar todos os dias, pelo seu pão, pela sua família, pelos seus sonhos/objetivos, pelo seu trabalho, pelo seu reconhecimento.
Criola é mãe, é filha, é tia, é avó, é prima, Criola somos todas nós que falamos o crioulo, que herdamos a resiliência de um povo lutador e de raízes fortes.
4. És grata. Porquê?
Grata pela vida, pelas oportunidades, pela família que possuo, pelas mamitas que têm cruzado o meu caminho, pelo meu percurso. Porque todo projeto precisa de alicerces para se aguentar e prosperar e estes têm sido sem sombra de dúvida os meus.
5. O que te faz feliz?
Não é preciso muito para me fazer feliz, a minha família faz-me feliz, o meu trabalho com as Mamitas na preparação para o parto faz-me feliz, os projetos em que me envolvo fazem-me feliz, o contacto com a natureza faz-me feliz. Sou feliz por estar viva, por ter força, por ter saúde, por ser mãe, por ser mulher.
6. E uma fragilidade?
Ser ansiosa, impaciente e extremamente exigente/punitiva para comigo mesma. É-me dificil aceitar as falhas ou insucessos, e por estar com a cabeça a trabalhar sempre a mil à hora espero o mesmo das outras pessoas, e quando não acontece fico frustrada. Falta-me, ainda, entender quando acelerar, quando travar e quando colocar em pausa.
7. Qual é o teu próximo sonho que queres realizar?
Poder realizar os partos das minhas Mamitas num ambiente onde haja o respeito pelos seus direitos, e onde se pudesse praticar o parto deveras humanizado. Possuír, no futuro, um centro pré e pós-parto, onde para além dos cursos e workshop’s pudesse realizar os partos e o devido acompanhamento das mulheres no pós-parto. Talvez seja um grande sonho, mas sonhar não custa e é preciso pensar “grande” para se poder concretizar “grandes” objetivos.
8. Quais são que o teu projeto vem trazer para mães ?
O meu projeto “Mamita” vai permitir às mães/casais tomarem decisões sobre a sua gravidez, parto e pós-parto de forma consciente e devidamente informada. Reconhecerem os seus direitos, e as estratégias a utilizar para superar as dúvidas e as dificuldades. Exercerem o seu papel parental de forma assertiva e segura. Porque a Mamita pode estar presente em todos os momentos das suas vidas.
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