Nadine Fortes: “Houve momentos complicados, mas tenho muito orgulho do que tenho vindo a construir”

Com 320 mil seguidores no Facebook, 101 mil no Instagram e mais de 9 mil no YouTube, Vaidosa D Mais, como é conhecida, é pioneira em marketing de influência em Cabo Verde. Agora, a empreendedora digital dá um novo passo e lança a primeira plataforma de criadores de conteúdo e influenciadores digitais do país que visa o empoderamento das mulheres, bem como “trazer uma nova forma de fazer publicidade”.

Pioneira como blogger e depois influencer digital, Nadine Fortes, conhecida como Vaidosa D Mais, é uma referência em marketing de influência no país. Estreou-se no mundo digital há uma década, um passatempo que viria a transformar-se num negócio rentável.

“Comecei com um blog em 2013. (…) Inicialmente, era como um hobby, só que na altura acompanhava criadoras de conteúdos e influenciadoras internacionais e ao ver que lá fora já havia um mercado, decidi fazer disso uma profissão, apesar de ser algo novo em Cabo Verde. Comecei a investir mais nessa área, principalmente por causa do feedback bastante positivo que comecei a receber com o blog. Depois criei uma página no Facebook, bem como um canal no YouTube e, por último, uma conta no Instagram, em 2015”, conta e salienta que ao longo dessa experiência constatou que é necessário estar em todas as plataformas para poder ter uma presença digital.

Ao longo do seu percurso, a mindelense, formada em Turismo, deparou-se com inúmeras barreiras, mas conseguiu singrar no mercado. “Ao longo desses anos o que fiz foi quase educar as pessoas sobre o que é o marketing de influência e o que é um criador de conteúdo digital. E, claro, por causa disso tive que passar por várias coisas. Em Cabo Verde, principalmente, as pessoas têm uma certa resistência a tudo o que é novo. Então, ouvi vários “Não”, fecharam-me várias portas, muitas pessoas não entendiam realmente do que se tratava, nem imaginavam que iria fazer essa trajetória. Isso é interessante porque este não é um mercado onde as coisas acontecem rapidamente e muitos acabam por desistir pelo caminho por causa disso”, diz e realça que é preciso ter persistência e paciência.

A sua trajetória é motivo de orgulho. “Houve momentos complicados, mas tenho muito orgulho do que tenho vindo a construir e de tudo o que sei que sou capaz de atingir. (…)Tenho consciência de todas as portas que abri. Acho que não há problema em uma pessoa admitir ou ter consciência que abriu portas e que teve um papel importante em determinada parte do mercado, que a sua história fez diferença. (…) Sempre soube o que estava a fazer, o que queria atingir e onde é que queria chegar, em nenhum instante os meus momentos polémicos foram feitos à toa. É por isso que tenho orgulho de cada etapa da minha trajetória”, salienta e diz que, às vezes, sente a necessidade de viver um pouco offline, mas que não se pode dar a esse luxo.

Criou uma marca de sucesso e hoje vive apenas disso, mas teve que abrir mão da sua privacidade. “Quase que não se tem privacidade. É complicado. Há momentos em que queres passar mais despercebido, mas é difícil. Tens que te habituar. A partir do momento que sabes que queres estar no digital tens que saber que a tua privacidade fica condicionada e saber, principalmente, como agir quando ela é invadida.”

No que tange aos principais desafios desta área, a empreendedora digital diz que primeiro “foi posicionar como um trabalho sério” e depois “foi conseguir mostrar às empresas/marcas como podem aproveitar uma pessoa que tem presença digital para divulgar e promover os seus produtos e serviços e até mesmo vender”, diz e adverte que é preciso começar a distinguir o que é um criador de conteúdo ou um influenciador digital e o que é uma pessoa popular na internet. “São duas coisas diferentes. Há pessoas populares na internet, por exemplo com 100 mil seguidores, e não são influenciadores e há bons influenciadores/criadores de conteúdo com 30 mil seguidores. Então, não é pelo número de seguidores, mas sim pela forma como a pessoa comunica e se posiciona.

Vaidosa D Mais acrescenta ainda que as empresas ainda não valorizam o trabalho de um influencer digital e recusam-se a pagar. “As empresas já têm consciência da importância e do retorno positivo do trabalho de um influencer digital, mas ainda estão com uma certa resistência em vê-lo como um trabalho que precisa ser remunerado e bem. É muito trabalho até conseguir colocar um conteúdo de qualidade nas redes sociais. Então, devia ser mais valorizado.”

VDM Content, uma plataforma de mulher para mulher

Recentemente, a empreendedora digital lançou no mercado a VDM Content, a primeira plataforma de criadores de conteúdo e influenciadores digitais do país, que tem como principal objetivo o empoderamento das mulheres.

“É uma plataforma composta por um site, canais de redes sociais, aplicativos Android e iOS e uma e-commerce pensada para mulheres empreendedoras que têm pequenos negócios. (…) A ideia é dar-lhes um espaço seguro, sólido e com visibilidade para exporem os seus produtos. A VDM vai ter uma percentagem nas vendas para poder alimentar a plataforma. A outra parte vai funcionar quase como uma revista com vários assuntos de influenciadoras, criadoras de conteúdos e colaboradoras de várias áreas. (…) É um portal de assuntos dedicados às mulheres e escritos por mulheres, explica Nadine Fortes, que é um dos rostos do programa Tardes Com Elas da televisão nacional.

Para já a plataforma conta com doze influenciadoras de Cabo Verde, Angola, Moçambique, Portugal, etc. “Acredito que juntas conseguimos ir mais longe. (…) Posicionamo-nos melhor no mercado, profissionalizamo-nos e todas saímos a ganhar”.

A empreendedora digital pretende dessa forma criar um padrão e inovar na forma de fazer publicidade. “Por exemplo, em vez das empresas estarem a localizar os influenciadores digitais avulsos, podem entrar em contacto com a VDM e tratamos de tudo, desde o plano de comunicação a envios de relatórios.”

Neste mês (março), vai lançar um curso online de marketing de influência dedicado a criadores de conteúdos e influenciadores de uma forma em geral, bem como para as empresas para estas poderem entender o papel do influenciador e o que devem levar em conta na hora de contratação.

Futuramente, Vaidosa D Mais pretende criar um VDM Content House, bem como lançar uma marca de roupa feminina. “(…) São roupas para todas as ocasiões, todos os corpos, peças pronto-a-vestir e clássicas.”

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