Vanilda Sequeira, a “princesa” crioula que venceu desafios para tornar-se empresária nos EUA

Vanilda Sequeira é uma jovem empresária cabo-verdiana em Dorchester, nos Estados Unidos, que se define como uma guerreira mulher cabo-verdiana, que fez da fraqueza a sua vitória, estando hoje à frente de três empresas, cultivando a cultura crioula.

Nascida e criada na localidade de Achadinha, Cidade da Praia, Vanilda Sequeira começou a dar nas vistas como uma jovem e destacada atleta velocista, já que enquanto estudante do ensino secundário vencia todas as provas oficiais federadas, uma carreira, entretanto, abortada, já que em 2005, ainda muito jovem, enveredou-se para a emigração, em Portugal.

Nas terras de Camões, Sequeira, que considera ter nascida para ser uma “princesa”, prosseguiu os estudos, tendo concluído o curso técnico, informático e gestão empresarial, e inclusive trabalhou nesta área, alinhou num outro curso, contabilidade e gestão, mas teve de abandonar os estudos, assim como a promissora carreira no atletismo, pois entende que as vicissitudes da vida permitiram-lhe tornar-se numa autêntica guerreira.

Basta ver que esta empresária, que nos seus 15/16 anos despontou-se no atletismo, tornando-se, na altura, “A nova coqueluche do atletismo cabo-verdiano”, pontifica-se como um autêntico exemplo de resiliência da mulher cabo-verdiana, já que com apenas oito anos ficou órfã de pai, ficando às custas da mãe “D. Mimitinha”, que, com apenas 39 anos, tinha sobre os seus ombros a responsabilidade de oito filhos.

De Portugal decidiu correr atrás do sonho nos Estados Unidos, onde reside há 10 anos, “em busca de uma vida melhor” nesta “terra de oportunidade”, pelo que, segundo disse, teve de “usar a cabeça”, para materializar a sua ampla visão de negócio traçada em simultânea com o seu esposo, já que encontrou esta arte em casa, porquanto a mãe vivia do comércio.

Casada e mãe de um filho, Jayci Sequeira considera ter herdada esta paixão da sua própria progenitora, mas admitiu que os primeiros anos não foram nada fáceis nos EUA, pois que, estando indocumentada, nessa altura, foi vitima de uma denuncia que lhe fez perder o emprego no ramo de limpeza.

Ainda assim, disse que conseguiu fazer desta fraqueza uma “força brutal da mulher cabo-verdiana” para triunfar, a tal ponto que em 2019 abrira uma empresa de limpeza, a “Jayci’s Cleaners”, que gerava oito postos de trabalho fixos para além de outros “jobs” pontuais a terceiros.

Sempre a “sonhar alto”, revelou que com as poupanças feitas nos três anos de empresa, o casal, abriu um novo “business” em Boston, sendo que inicialmente já estava preparado para investir numa “Gas Station”, mas, devido ao elevado custo optaram pela abertura de uma restauração a “Pizza 24”, onde labora há sete meses, contanto com 10 trabalhadores, tanto da comunidade cabo-verdiana como estrangeira.

“O nosso principal objetivo é trazer a culinária cabo-verdiana, o nosso sabor gostoso para pessoas de países diferentes e do próprio cabo-verdiano, sempre com o toque crioulo, para matar as saudades da terra”, referiu Vanilda Sequeira à Inforpress, dando conta ainda de uma terceira empresa da família, desta feita no ramo de transporte, a “Jaycis Transportation”.

No “Pizza 24”, disse que encontram-se pratos variados de uma restauração normal, designadamente ‘fast food’, como churrasco, batata frita, queijadinhas de uma variedade da casa e especialidades e gostos cabo-verdianos como pão de coco, pão de chouriços, linguiça de Cabo Verde, cachupa e guloseimas.

Frequentada por clientes de nacionalidades diversas residentes na região de Boston, a Pizza 24, foi estampada para manter o “selo e o prestígio” que já ostentava o proprietário anterior ao longo dos seus 20 anos de fama, pelo que considera ser uma grande responsabilidade gerir esta restauração que trabalha seis dias por semana, de manhã à noite.

Os três “business” resultam de um processo que já leva 17 anos, fruto de muita luta, sonho e muito sacrifício”, amadurecido com muito rigor, disciplina e foco na melhoria de uma vida com dignidade, razão pela qual, Sequeira afirmou que o “sucesso alcançado” é fruto de “muita dedicação e labuta, noites mal dormidas e muita fadiga, uma prova de Deus hoje recompensada”.

Neste dia 27 de março, dedicado à Mulher Cabo-verdiana, diretamente dos EUA, esta empresária, conhecida também por Abela nha Flor Djasy, exorta a todas as mulheres crioulas a lutarem para fazer história, visando a concretização dos seus anseios.

Inforpress

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