
Domingo, 4 de Junho, 2023
A presidente do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), Marisa Carvalho, considerou hoje que muitas mulheres continuam ainda a estar “muito limitadas” nos seus direitos a nível social, saúde e financeiro.
A declaração foi feita à margem da mesa redonda sobre o “Empoderamento político das mulheres e o seu impacto na promoção de uma cultura de paz”, promovida pela Associação Cabo-verdiana de Luta contra a Violência Baseada no Género (ACLCVBG), no âmbito da V Semana Internacional de Reflexão sobre a Violência Baseada no Género (VBG), que decorre até sexta-feira, 19, sob o signo “Por uma cultura da paz”.
Tendo em conta que 50 % da população são mulheres, Marisa Carvalho realçou que estas têm também o direito de exercer a sua participação na vida política e cívica, mas sublinhou que muitas mulheres ainda têm “um controlo muito grande a nível privado”, o que acaba por dificultar a sua participação política e cívica na sociedade.
Segundo avançou, o inquérito demográfico sexual e reprodutiva de 2018, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelou que 69,8 % dos parceiros não gostam que as suas companheiras saiam com as amigas , 46 % não gostam que falem com outros homens, 6 % das mulheres ainda têm os seus ganhos completamente controlados pelos seus companheiros e apenas 37 % têm pleno controlo e tomam decisões sobre os seus próprios cuidados de saúde.
“Isto significa que a nível privado há um grande controlo dos homens sobre as mulheres isto depois manifesta-se na participação pública, e esta questão da participação pública é importante ter a representatividade das mulheres sendo que representam 50% da população, mas também pelas questões que são abordadas a nível político”, apontou.
Segundo Marisa Carvalho, as mulheres são mais sensíveis para as questões que têm a ver com educação, saúde, o próprio planeamento urbano, transportes são tudo questões de género e que põem em causa não só a segurança da população como especificamente da população feminina.
Perante este cenário, defendeu que a aposta recai na prevenção e ações de sensibilização, porque são questões comportamentais, o que tem a ver com aquilo que são os estereótipos de género e que condicionam a ação tanto dos homens como das mulheres.
Por seu turno, a presidente da ACLCVBG, Vicenta Fernandes, destacou os ganhos que o país alcançou, mas sublinhou que é preciso muito mais, de modo a atingir a paridade e ter mulheres não só na política, como nos órgãos de decisão.
“É isto que estamos a discutir e enquanto sociedade civil temos o papel e o dever de ajudar e promover as mulheres cabo-verdianas na participação política e no desenvolvimento de Cabo Verde”, acrescentou
Para tal, defendeu que é preciso um engajamento e trabalho conjunto, mas terá de haver vontade política de todos, nomeadamente das mulheres, partidos políticos, Governo para que as mulheres estejam nos órgãos de decisão não só a nível da política partidária, mas também das empresas e instituições públicas e privadas.
A cerimónia de abertura contou também com a presença de Pedro Campos Llopis, chefe da Cooperação da União Europeia em Cabo Verde, parceira da ACLCVBG.
Inforpress
Artigo atualizado
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