
Segunda-feira, 6 de Fevereiro, 2023
Filho de pai agricultor, Emileno Ortet nasceu numa família de 13 irmãos. Com uma educação rígida, este jovem de 31 anos que se define como lutador, sonhador e incansável, afirma ter tido uma infância feliz e que desde muito cedo teve a preocupação de ajudar as pessoas que estavam em situação de vulnerabilidade no bairro onde reside, Achadinha.
Emileno que é agente da Polícia Nacional, é formado em Psicologia Organizacional pela Universidade de Jean Piaget, mas também possui várias formações em agricultura, jardinagem, produção e reprodução de plantas endémicas de Cabo Verde.
Segundo conta, a ideia de criar o projeto “Cidade Verde” remonta a 2018, quando o ativista ambiental sentiu a necessidade apoiar os jovens do seu bairro, no sentido de combater a pobreza e a fome cultivando árvores fruteiras, para que as famílias pudessem ter um alimento perto de casa para consumo próprio.
Foi assim que em 2020, acabou por criar a ” Associação Academia Txadinha” e a iniciativa “Txadinha Verde” para ajudar crianças, adolescentes e jovens de Achadinha e a diminuir o vandalismo do bairro. Paralelamente, o projeto Cidade Verde” visa mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
“Não foi fácil, sofri gozo por parte das pessoas, mas não desisti”, diz este ativista e explica que trilhar este o caminho não é fácil, mas que não desistiu apesar dos obstáculos, e que hoje consegue colher os frutos do seu trabalho e recorda “que todo o trabalho necessita de persistência”.
O projeto que já vai na 4ª edição está a ser expandido para outros bairros da cidade da Praia. Este agricultor também tem estado a incentivar hortas escolares, de forma a apostar na alimentação saudável nas escolas locais.
Emileno tem igualmente um projeto próprio no interior de Santiago – o “Agroecologia AgroFloresta Rui Vaz”. “Emprego 4 a 5 jovens da comunidade de Rui Vaz e gostaria de empregar mais pessoas, entretanto, devido à falta de água que tenho na minha propriedade, não consigo ter uma produção anual. Se eu tivesse acesso à água a um preço razoável conseguiria produzir mais de 30 toneladas de alimentos anualmente”.
Mesmo com a falta de água consegue ter duas produções num ano, devido à sua experiência na área. Atualmente, este empreendedor consegue vender os seus produtos para os supermercados, minimercados e faz entregas em vários pontos da ilha de Santiago.
“Sinto-me feliz por receber bons feedbacks”, afirma Emileno que se mostra satisfeito com o reconhecimento que tem recebido e com o apoio de instituições como o PNUD, mas também de algumas empresas nacionais. Entretanto, lamenta não ter recebido até então o apoio por parte do Ministério de Agricultura e Ambiente.
“Importar menos e produzir mais” é o que defende este ativista que acredita que Cabo Verde possui as condições necessárias para produzir mais produtos localmente e diminuir assim a dependência dos produtos vindos do exterior.
ARTIGO ATUALIZADO ÀS 12H00 DO DIA 11/10
Cátia Gonçalves/ estagiária
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