BIDC: Cabo Verde terá que melhorar credibilidade e cotação de crédito para avançar com processo de desenvolvimento

O presidente do Banco Africano de Investimento e Desenvolvimento da CEDEAO, George Donkor, defendeu esta quinta-feira, 27, que para que Cabo Verde avance com o processo de desenvolvimento terá de melhorar a credibilidade e a notação de crédito.

George Donkor falava no painel “Parcerias e Estratégias para o Desenvolvimento Sustentável Novos Paradigmas”, da conferência que está a decorrer na ilha da Boa Vista, quando respondia à questão de como Cabo Verde pode ultrapassar um dos grandes desafios que o país enfrenta, a redução do financiamento concecional.

O dirigente começou por contextualizar o banco como uma instituição financeira regional dos quinze estados-membros da CEDEAO, todos acionistas da instituição financeira sediada no Togo, e criada em 1975, em simultâneo com a criação da CEDEAO.

“O banco, ao longo dos anos, conseguiu a locação de meio milhões de dólares na África, onde Cabo Verde é um parceiro estratégico, e para que o país atraia recursos concessionais para que possa avançar no processo de desenvolvimento, em primeiro lugar tem de melhorar a sua credibilidade e a notação de crédito”, afirmou.

Citando dados 2022, lembrou que a agência de dotação de crédito notou Cabo Verde como B- e que não é um bom nível de investimento, sublinhando que isto significa que o arquipélago tem de melhorar a sua performance ao nível destas questões para ter uma melhor dotação de crédito.

Neste sentido, George Donkor explicou que, quando fala em fazer mais na melhoria do risco de crédito, refere-se à melhoria nos níveis das receitas de capitais, do desenvolvimento económico, da infração e da dívida externa.

Ainda segundo o presidente do BIDC, o mesmo banco indicou que, em 2022, a dívida do PIB era de 127%, valor considerado “muito alto”. Neste quesito, frisou a importância de as autoridades trabalharem para reduzir o rácio da dívida PIB para melhorar a notação do país.

Daí, o responsável reiterou que, de um modo geral, Cabo Verde terá de em primeiro lugar melhorar o rating de crédito, o que significa que terá acesso a melhores condições de financiamento, e também aos mercados regionais, para se ter acesso ao mercado internacional para financiar a agenda de financiamento.

Em segundo lugar, apontou que o que o BIDC poderá fazer, enquanto instituição financeira para Cabo Verde, será criar parcerias, referindo-se, por exemplo, a uma parceria estratégica.

E neste sentido afirmou que Cabo Verde é um parceiro estratégico do banco na área de capital humano, no desenvolvimento de cadeia de valores, e no sector do turismo, área relevante para Cabo Verde.

“Temos estado a melhorar no agro-negócio, e há um novo programa que estamos a investir, ou seja, na área agrícola há que operar melhorias como meio para melhorar a produtividade nacional”, disse, referindo-se à necessidade de melhorar os meios de financiamento para melhorar a produção interna e reduzir as dependências a importação.

George Donkor mencionou a industrialização também como outro sector “extremamente importante”, uma vez que, segundo analisou, tem que se transformar os produtos agrícolas em produtos acabados que têm um grande valor acrescentado no mercado.

O mesmo garantiu que a instituição financeira está comprometida em financiar projectos que garantam sustentabilidade ambiental, a componente de igualdade de género, redução da pobreza e, acima de tudo, referiu, a criação de empregos.

“Enquanto banco, estamos dispostos a financiar Cabo Verde nestas áreas, e devo afirmar que recebemos vários pedidos do sector privado que está sediado em Cabo Verde”, referiu, ajuntando que se está a trabalhar neste sentido e que, em breve, se irá reforçar a presença em Cabo Verde onde atualmente existe uma presença ínfima.

George Donkor concluiu agradecendo ao Governo e ao primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, que, segundo disse, tem aberto caminhos para mais oportunidades do sector privado para se trabalhar com o Banco de Investimentos e Desenvolvimento da CEDEAO.

Inforpress

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest