Especialista: África contribuiu de forma extraordinária na humanização do atlântico e do mundo

O especialista em Património Mundial Africano Charles Akibodé afirmou este sábado, 20, que a África contribuiu de “forma extraordinária” na humanização do atlântico, mas também do mundo, sublinhando que se não fosse África Brasil e EUA podiam não existir hoje.

Charles Akibodé, que foi um dos oradores da mesa redonda realizada este sábado no Palácio do Presidente da República, no quadro das celebrações do Dia da África, afirmou que os aspetos negativos divulgados na imprensa têm ofuscado a riqueza e contributo que a África deu para o mundo.

“Estamos sempre a ver nos canais televisivos internacionais algumas desgraças em África, as guerras, a questão da fome, etc. Essas imagens negativas sobre a África escondem a nossa riqueza. Além da riqueza, a África contribuiu de forma extraordinária na hominização não só do Atlântico, mas também, se não fosse África se calhar o Brasil e os EUA não existiam hoje”, realçou.

Por isso, salientou que é “importante” que nas celebrações de África se celebrem as reconexões entre os povos africanos e a reconexão da África com o mundo.

Charles Akibodé, que apresentou o tema “Identidade e preservação do património cultural e natural africano”, sublinhou que desde que Cidade Velha foi inscrita na lista de património mundial a nível da Unesco, a nível internacional as pessoas entenderam o contributo de Cabo Verde para humanização do mundo.

“Quando digo humanização do mundo, não é uma questão dos escravos que saíram de Cabo Verde. Estou a falar do extraordinário contributo que revolucionou a economia mundial. A primeira economia do Brasil era a economia de cana sacarina que saiu da Cidade Velha. A primeira economia dos EUA foi a economia de agricultura de plantação, a partir dos técnicos e técnicas que saíram da Cidade Velha e de Cabo Verde e hoje esse laço que Cabo Verde tem com o mundo é muito reconhecido”, indicou.

O especialista em Património Mundial Africano sustentou que a nomeação do Presidente José Maria Neves para liderar o Património Natural e Cultural em África tem que ver realmente com a riqueza do património cabo-verdiano, a internacionalização do crioulo cabo-verdiano.

“Portanto acho que todos nós também devemos nos agarrar nesse posicionamento do Presidente José Maria Neves para que possamos também salvaguardar a nossa identidade”, afirmou.

Por seu turno, o professor catedrático José Octávio Serra Van-Dúnem, que falou da “Paz, a estabilidade e o Desenvolvimento Sustentável em África: o papel de Angola na resolução pacífica dos conflitos”, falou dos desafios da África e defendeu a necessidade de se andar um pouco mais rápido na solução de um conjunto de temas.

Para já indicou que a aposta deve ser na educação para se alavancar o continente Africano, mas por outro lado colocou tônica no papel das lideranças.

Para o professor catedrático angolano, a paz deve ser vista como um processo, já que, conforme explicou, o continente africano tem situações de conflitos abertos e conflitos de baixa densidade.

Neste sentido considerou que é importante trabalhar para se ter uma paz efectiva, sublinhando que esta paz efetiva deve ser preocupação de todos os países do continente.

“Neste momento como este em que estamos a comemorar mais um dia da África devemos colocar como prioridade desenvolver todos os esforços do ponto de vista político, do ponto de vista diplomático em conjunto com todos os nossos países para termos o menor foco de conflitos no nosso continente.  Não é uma coisa fácil, mas começa pelo trabalho de casa”.

“Não adianta pensarmos em eliminar focos de conflitos nas nossas fronteiras se dentro dos nossos próprios países não eliminarmos um conjunto de questões como a pobreza, problemas ligados à saúde que são situações que podem provocar conflitos de baixa densidade”, explicou.

A mesa redonda, realizada pela Presidência da República, em parceria com a Embaixada de Angola em Cabo Verde e a Plataforma das Comunidades Imigradas, foi seguida por um momento cultural com exposição de arte e degustação de pratos típicos africanos, envolvendo as várias comunidades africanas residentes na Praia.

Inforpress

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