Fogo: “São Filipe tem sido uma referência de urbe e pro-urbanidade”, diz PR

O Presidente da República disse hoje que a centenária cidade de São Filipe foi e tem sido “uma referência de urbe e pro-urbanidade” e interpela a todos à reflexão e debate sobre o papel das cidades.

José Maria Neves, que discursava no encerramento do programa comemorativo dos 100 anos da elevação de São Filipe a categoria de cidade, defendeu a necessidade de debate sobre papel das cidades, enquanto superstrutura da projeção dos princípios e valores da comunidade, da sã partilha do espaço público e do respeito aos vários sujeitos que nelas coexistem.

Para o chefe de Estado, são 100 anos que se celebram, “de olhos postos no futuro, nos próximos 100 anos, e não apenas para São Filipe, mas para todas as cidades de Cabo Verde”, sublinhando que esta é uma oportunidade para demandar uma perspetiva crítica do devir, para transformações para uma sociedade “mais justa e livre, mais cívica e participativa, mais próspera e mais orientada” para a qualidade de vida dos cidadãos.

Para o Presidente da República, São Filipe é no contexto cabo-verdiano um caso paradigmático, lembrando que todos devem encarar a cidade como um privilegiado espaço público da cidadania, onde os cidadãos tornam-se mais pro-ativos para conseguir viver numa sociedade de “mais convivialidade, afetividade, consciência de si e do outro e mais cientes” da necessidade de todos na realização do bem-comum.

Na sua intervenção, José Maria Neves indicou que o “bom exemplo” de São Filipe deve ser seguido por todas as urbes cabo-verdianas, sobretudo naquelas onde se regista mais violência e criminalidade, lembrando que as boas práticas e a convivialidade saudável estão nas mãos de cada um.

“É nossa responsabilidade elevar e projetar o espírito da cidade, urbanidade, civilidade, ao invés de a procrastinarmos sob pretexto da crise da Covid-19 ou da Guerra na Ucrânia”, defendeu o chefe de Estado, salientando que os centros urbanos, além de serem centros de concentração e de difusão do poder político-administrativo, têm-se evidenciado como centros de concentração e de disseminação do saber escolar e de outros saberes conexionados com a civilidade e a cidadania.

Para o mesmo, os comportamentos “menos urbanos” que têm acontecido, devem ser repudiados e combatidas as suas causas e resgatadas as boas regras de convivência e de urbanidade.

“Infelizmente, nos últimos tempos, há um recrudescimento da criminalidade e da violência nas cidades, aumentando a realidade e a perceção de insegurança nos cidadãos”, precisou Neves, mas há também, continuou, “um recrudescimento” da violência simbólica e verbal em sede do debate político, com “clivagens evitáveis e abordagens desrespeitosas” entre os sujeitos políticos, assim como “relativizações do estatuto e papel das instituições da República e dos seus respetivos titulares”.

O momento atual, segundo a mesma fonte, exige uma ação afirmativa da cidadania em prol dos novos tempos, do respeito às leis e aos iguais, da fiscalização cidadã e da responsabilização republicana, assim como a necessidade de se “promover, praticar e normalizar o civismo em todos os meandros da vida”, mostrando-se preocupado com a degradação das boas práticas e degeneração dos princípios da convivialidade.

O chefe de Estado recordou que a “sociedade que merecemos ter é aquela em que o consenso por vezes é necessário e que o dissenso é sempre aceite” e, desta forma, avançou, preconizar uma sociedade orientada para “inclusão, acolhimento, prosperidade, liberdade, igualdade e solidariedade”.

Na sua intervenção, José Maria Neves abordou a questão da conectividade, observando que para um bom porvir das cidades torna-se “necessário e urgente” que seja garantido o fluxo normal de pessoas e bens entre elas e que os constrangimentos nesta área “são sempre castradores” do desenvolvimento e “prejudica a competitividade e pretere o futuro”.

“O centenário da cidade de São Filipe é uma oportunidade histórica para pensarmos uma nova cidade e novas cidades de Cabo Verde, um novo País, enquanto real espaço democrático, que realize todos os direitos sociais e individuais, constantes na Constituição da República”, referiu José Maria Neves.

No acto da comemoração do centenário, José Maria Neves, presidente de honra, foi homenageado com um certificado pelo seu contributo “superior e extraordinário” para o redimensionamento a um patamar nacional e na diáspora da programação.

Igualmente os membros da comissão consultiva foram distinguidos, assim como os órgãos de Comunicação Social, Inforpress e RTC, pelo trabalho “isento e imparcial” na divulgação das atividades do centenário da elevação de São Filipe a categoria de cidade.

Inforpress

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on pinterest