
Segunda-feira, 30 de Janeiro, 2023
O presidente do PAICV, Rui Semedo, disse hoje que os problemas levantados pela população inquirida no estudo “Afrobarometer” coincidem com a avaliação que vem sendo feita pelo seu partido ao longo dos anos.
“Tudo que nós dissemos que eles desvalorizaram, tentaram desacreditar a oposição, agora está confirmada pela leitura, pela perceção, pelo sentimento dos cabo-verdianos”, disse Rui Semedo ao reagir aos resultados do estudo tornados públicos esta quarta-feira, 18.
O líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição) destacou o otimismo e aumento de confiança dos cabo-verdianos nas instituições como sendo muito importantes, mas realçou que é muito “preocupante” o aumento da perceção da corrupção em Cabo Verde.
“O aumento da perceção da corrupção é muito preocupante para qualquer país e mormente para um país como Cabo Verde tendo em conta a sua gravidade. Outra dimensão é a avaliação negativa do combate à corrupção”, disse o líder do principal partido da oposição.
“Não só a corrupção é alta (47% da população considera que têm essa perceção), como 68% não acredita que o Governo não vai combater a corrupção. E nesse aspeto é bom ressaltar também que 75% dos cabo-verdianos manifestaram ter medo de denunciar a situação de corrupção porque poderão sofrer represálias e isso é muito preocupante porque mexe com a liberdade, com a democracia e com o Estado de direito democrático”, sustentou.
Rui Semedo adiantou que outro dado digno de realce é a avaliação negativa do Governo e de quase todas as áreas de governação.
Neste particular, salientou que é pertinente chamar a atenção do primeiro-ministro com relação ao “seu governo gordo e ineficiente e sem resultado”, sublinhando que a falta de confiança é agora confirmada pela própria população através desse estudo de opinião.
“A leitura que fazemos depois da conclusão é a coincidência dos problemas com avaliação que o PAICV tem feito ao longo dos anos, os problemas que emergem deste estudo como a preocupação da população com o desemprego a segurança a pobreza, a habitação, a saúde a educação a alimentação, abastecimento de água infraestruturas”, apontou.
Rui Semedo falou ainda da questão da transparência salientando que é uma situação que o PAICV tem levantado com alguma frequência e que está relacionada também com a própria corrupção.
“Quanto menor transparência houve maior a possibilidade de corrupção”, sustentou.
Por outro lado, sustentou que a avaliação negativa dos cabo-verdianos em relação à condição económica do país confirma que o país está a caminhar na direcção errada como vem sendo defendida pelo PAICV.
“Temos 63% de cabo-verdianos a considerar que estamos a caminhar na direcção errada e isso não tem nada a haver com crise, com a seca com pandemia porque já em 2019 esta percentagem era preocupante. Era de 56% e aumentou para 63%. E aqui também convém reter que 61% dos cabo-verdianos dizem que as condições do país são más.
Segundo os dados divulgados esta sexta-feira por José Semedo, diretor-geral da Afrosondagem, instituição que lidera a equipa da Afrobarometer em Cabo Verde, houve um aumento considerável da perceção da corrupção no país em todas as instituições inquiridas em relação a 2019.
A Polícia Nacional continua a liderar a lista das instituições apontadas por 25% dos cabo-verdianos como mais corruptas, seguida pela Assembleia Nacional (24%), pela Presidência da República e pelo primeiro-ministro.
De acordo com estudos, 20% da população considera que a maioria ou todos os integrantes destas instituições estão envolvidos em atos de corrupção, sendo que 47% dos inquiridos consideram que houve aumento de casos de corrupção.
Quanto ao desempenho das instituições, 72% dos cabo-verdianos avaliam, de forma positiva, o desempenho do Presidente da República em 2021, 60% em relação ao primeiro-ministro, ao passo que a performance baixa quanto ao desempenho da Assembleia Nacional, 47%.
Quanto à avaliação do desempenho do Governo no combate à corrupção dentro da instituição governamental, a sondagem conclui que 43% dos cabo-verdianos avaliam negativamente o executivo nesta matéria, perceção da corrupção da população que, de acordo com José Semedo, tem vindo a aumentar desde 2011.
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