Portugal: Cabo Verde está a trabalhar para evitar transferências de doentes por patologias oncológicas, assegura embaixador

O embaixador de Cabo Verde em Portugal assegurou que Cabo Verde está a trabalhar na questão do diagnóstico e tratamento de algumas doenças oncológicas, no sentido de evitar o transporte de doentes para o exterior.

Em declarações à Inforpress, em Portugal, país europeu que acolhe centenas de doentes de Cabo Verde para tratamento, sobretudo concológico, Eurico Monteiro disse que o arquipélago tem feito um “esforço significativo” no sentido de “aumentar capacidade de resposta” a nível nacional nesta área.

“Cabo Verde está a um passo importante nesta área, avançando para disgnóstico e tratamentos de algumas doenças oncológicas, evitando evacuações. Não se pode dizer que Cabo Verde está parado nessa área. Temos que ter a noção muito clara que não será possível a curto ou mesmo a médio prazo, nesta matéria, de Cabo Verde ter a capacidade de responder globalmente”, assegurou.

Segundo ele, os meios são cada vez mais sofisticados e exigem cada vez mais recursos financeiro, técnico e humano, pelo que Cabo Verde ou vários outros países ainda a médio prazo precisará sempre da cooperação internacional.

“Não se pense que não há cooperação internacional, mesmo entre países europeus ou com EUA [Estados Unidos da América]. Não tenhamos esta ilusão de que a médio prazo temos a capacidade de responder a tudo”, sustentou.

Solicitado para comentar a declaração, à Inforpress, de uma doente cabo-verdiana com cancro de mama, em tratamento em Portugal, que pede um hospital oncológico nacional em Cabo Verde, Eurico Monteiro afirmou que não pode responder sobre esse assunto, mas considerou que investimentos vários têm sido feitos para evitar evacuações para tratamento em Portugal.

“Basta olharmos nos investimentos feitos nos últimos anos em matéria, por exemplo, dos centros de hemodiálises, mas também em várias outras áreas e meios de diagnóstico, e na área oncológica, já está projetado em cooperação, não só com o Governo de Portugal, como também alguns centros portugueses, designadamente com a Fundação Calouste Gulbenkian”, contou.

Para Eurico Monteiro, é preciso também ter em conta que quando um país, neste caso, Cabo Verde, não tem uma capacidade nacional, “por razões compreensíveis”, ele tem que se sujeitar também a condicionalismos dos países do tratamento, sublinhando que a lista de espera em Portugal “é enorme” e que encontrar um doente português dizer que esteve à espera nove meses, um ano ou três anos à espera “é absolutamente normal nas consultas de especialidades”.

“É basta ver o nível de reclamação que tem havido. Estamos a falar de centenas de milhares de pessoas em lista de espera em várias especialidades. Portanto, temos de nos sujeitar a isso. Não estamos sempre no topo da lista que é grande e haverá sempre alguns critérios para seleção dentro da máxima urgência, ainda as de maior urgência”, esclareceu.

Segundo o diplomata, são condicionalismos próprios de Cabo Verde e também do país onde se faz o tratamento por instrumento de cooperação, entretanto afirmou compreender que na situação afetiva de doença, as pessoas reclamam “com toda a razão e legitimidade”, mas também que é preciso estar ciente de que são condicionalismos que muitas vezes não se consegue ultrapassar.

Atualmente, o trabalho da Embaixada de Cabo Verde em Portugal no seguimento dos doentes evacuados, é essencialmente em dois aspetos, o do acolhimento, sobretudo daqueles que não têm suporte familiar em Portugal, e o acompanhamento quase diário junto da Direção Geral da Saúde e das diversas unidades hospitalares.

No entender o embaixador, faz-se uma “espécie de pressão” para se conseguir mais rapidamente uma consulta de especialidade, às vezes solicitando consultas para mais de 20 pessoas ao mesmo tempo, reconhecendo nem sempre a resposta é satisfatória e em tempo útil.

Inforpress

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