
Domingo, 26 de Março, 2023
“Basta de aumento de preços” foi o mote para a manifestação organizada pelo movimento “Vida Justa”, em Lisboa, que juntou milhares no percurso de Marquês de Pombal até a Assembleia da República, em São Bento.
Moradores dos bairros, pessoas dos movimentos sociais e outros cidadãos estiveram na manifestação que começou às 16:00 (15:00 em Cabo Verde) para pedir ao Governo a “defesa dos bairros e da dignidade de vida dos que trabalham e que criam a riqueza do país”, para que a “crise seja combatida com justiça”.
Associações e comunidades cabo-verdianas, brasileiros, portugueses, angolanos, guineenses, deputados, ativistas sociais, professores, entre outros, juntaram à sua voz para também pedir a resolução de problemas nos bairros mais carenciados.
Tabelar os preços da energia e dos produtos essenciais, congelar os juros dos empréstimos das casas, impedir as rendas especulativas das casas e despejos proibidos, aumento geral dos salários acima da inflação, medidas para apoiar os comércios, pequenas empresas e os postos de trabalho locais e valorização económica e socialmente dos trabalhos “mais invisíveis” como o de quem trabalha na limpeza, são algumas reivindicações.
A manifestação aconteceu na sequência de um manifesto fundador do movimento “Vida Justa”, subscrito por dezenas ativistas político, social e cultural em bairros como a Cova da Moura, Rego, Arrentela, Marvila, Barreiro e Almada, para além de personalidades como Dino Santiago, jornalistas escritores e historiadores.
De acordo com a organização, todos os dias os preços sobem, os despejos de casas aumentam, os salários dão para menos dias do mês e as pessoas estão a escolher se vão aquecer as suas casas ou comer.
“As pessoas são vítimas de uma sociedade que acha normal pagar mal a quem trabalha. Quando começou a pandemia, a gente dos bairros continuou a cumprir o seu dever, quando muitos recolheram a casa. As trabalhadoras da limpeza continuaram a trabalhar, os dos transportes a manter o país a funcionar, os operários da construção civil a ir para as obras, os trabalhadores dos supermercados continuaram a sacrificar-se por toda a gente”, justificou a organização.
Para o movimento “Vida Justa”, o Governo portuguesa está mais preocupado em pagar a dívida pública, ao dobro da velocidade que a União Europeia quer obrigar, do que em ajudar a maioria das pessoas a resistirem a esta crise.
Conforme a mesma fonte, em muitos dos bairros, com grandes comunidades cabo-verdiana, as autoridades atacam e fecham os pequenos comércios que servem as comunidades, apreendendo as mercadorias e pondo em causa a sustentabilidade dos bairros e a manutenção da economia local.
“Há uma guerra contra as populações mais pobres que tem de parar. Para inverter esta situação, as pessoas têm de ter o poder de exigir um caminho mais justo que distribua igualmente os custos desta crise. Não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos”, frisou.
Na sequência da manifestação deste sábado, várias outras já estão sendo programadas com o mesmo objetivo, como a manifestação nacional das mulheres para 11 de Março, a sobre “casa para viver” no dia 11 de Abril, ou a “contra a justiça racista” no dia 10 de Maio.
Inforpress
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