PR vê condicionamento no trabalho dos jornalistas com custos de deslocações financiados por órgãos de soberania

O Presidente da República defendeu este sábado, 06, no Mindelo, que o facto de órgãos de comunicação públicos serem financiados pelos órgãos de soberania para acompanhar as deslocações para o exterior condiciona o trabalho dos jornalistas.

José Maria Neves fez essa leitura aos jornalistas, no Mindelo, à margem da apresentação do seu livro “No ofício do bem comum”, no Palácio do Povo.

Para o chefe de Estado, os meios de comunicação públicos devem ter orçamentos próprios para cobrir os órgãos de soberania e não devem depender do financiamento destes, sublinhou quando instado a responder o porquê de não ter sido acompanhado por jornalistas na sua última deslocação aos Estados Unidos da América.

“Acaba até por condicionar o trabalho dos órgãos de comunicação social, por outro lado, a Presidência da República não tem neste momento, devido aos cortes que foram feitos, recursos suficientes para levar os órgãos públicos de comunicação social”, advogou, adiantando que, no seu caso, sempre tem pedido a cobertura, mas os responsáveis dos meios de comunicação têm recusado alegando não terem meios.

Questionado se esta situação não limita as informações que chegam aos cidadãos, José Maria Neves disse que “obviamente que sim”, e é por isso que tem vindo a propor que no orçamento e nas transferências do Estado haja recursos para os meios públicos cobrirem todos os órgãos de soberania.

“Porque, quando um órgão de soberania tem recursos, leva jornalistas e paga todas as despesas, condiciona o trabalho dos jornalistas e isso prejudica e condiciona a autonomia e independência dos órgãos de comunicação”, considerou José Maria Neves, para quem essa prática deve acabar.

Quanto à apresentação da obra, que compila todas as suas intervenções desde o início do mandato, o chefe de Estado lembrou que o Presidente da República não é governante, mas, “essencialmente um árbitro, moderador do sistema político” e que para além de poderes relevantes “tem o poder da palavra”.

“A mensagem do Presidente é extremamente importante para fazer pedagogia política e para mobilizar a sociedade civil e os cidadãos, no sentido, de juntos construírem soluções para o desenvolvimento do próprio País”, esclareceu, com a ideia de as mensagens do chefe de Estado serem consideradas por todos órgãos da soberania, cidadãos e órgãos constitucionais da República.

Questionado se tem eleito São Vicente na sua política de descentralização, José Maria Neves disse que tem vindo à ilha por ser, além da Cidade da Praia, aquela onde existe palácio do Presidente, mas também por ser “um importante polo político, económico e cultural do País”.

Contudo, segundo a mesma fonte,  a ideia é estar em todas as ilhas e na diáspora para desenvolver com “maior efetividade” o papel de moderador.

José Maria Neves está em São Vicente desde a última quarta-feira, 03, onde presidiu à abertura da 5ª Reunião Internacional da Rede Académica das Ciências da Saúde da Lusofonia, na Universidade do Mindelo, condecorou o centenário Grémio Sportivo do Castilho com Medalha de Primeira Classe, procedeu a algumas audiências e outras atividades, tendo hoje, como último ponto de agenda, a apresentação do seu livro “No ofício do Bem Comum”.

Inforpress

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