
Sábado, 3 de Junho, 2023
O presidente da FAC reiterou hoje a necessidade de Cabo Verde valorizar o legado de Amílcar Cabral e realçou que a fundação tem feito tudo para promover e difundir os conhecimentos e ideias do seu patrono.
Pedro Pires, antigo Presidente da República, combatente da Liberdade da Pátria e presidente da Fundação Amílcar Cabral (FAC) fez esta afirmação à margem de um encontro com o Presidente José Maria Neves, que teve como objectivo abordar questões relacionadas com a realização do seminário internacional sobre o legado de Amílcar Cabral, candidatura dos escritos de Amílcar Cabral ao programa da Unesco Memoria Mundo e a preparação da celebração do centenário de Amílcar Cabral.
“Abordamos com o senhor Presidente, além da conferência, estas duas questões e ficou combinado que, proximamente, viremos cá para fazer uma informação mais detalhada da organização do centenário e, sobretudo, também de ouvir a sua opinião e suas recomendações sobre este acto que será de grande importância para a história de Cabo Verde”, declarou.
O presidente da FAC precisou que convidou o Presidente José Maria Neves para presidir à cerimónia de abertura do seminário internacional sobre o legado teórico de Amílcar Cabral, que se realiza no próximo dia 09 de Dezembro, em parceria com a ACOLP, tendo acrescentado que a presença do Presidente da República irá valorizar e prestigiar o referido seminário.
“A nossa ideia com a conferência é para a Fundação Amílcar Cabral cumprir o nosso compromisso com a memória de Amílcar Cabral, tudo o que diga respeito ao conhecimento, à difusão e à expansão das ideias de Amílcar Cabral é o nosso objectivo maior e fazemos tudo para cumprir este compromisso com Amílcar Cabral”, afirmou.
De acordo com Pedro Pires, Amílcar Cabral é estudado em mais de uma centena de universidades do mundo, tendo referido que a FAC também faz parte dessas organizações ou entidades que se preocupam em aprofundar o conhecimento daquilo que pensou e fez Amílcar Cabral.
Destacou, por outro lado, a importância de as pessoas se interessarem cada vez mais por Amílcar Cabral e por aquilo que os investigadores têm feito lá fora porque, justificou, Amílcar Cabral não é um exclusivo africano, guineense ou cabo-verdiano, mas sim uma personalidade universal que deve ser valorizado.
Amílcar Cabral nasceu a 12 de Setembro de 1924 em Bafatá, Guiné Conacri, filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora. Aos 12 anos de idade, deixa a então Guiné Portuguesa e junta-se ao pai que, nessa altura já havia regressado a Cabo Verde, e efectua os seus estudos primários na Rua Serpa Pinto, na Cidade da Praia.
Em 1945, Cabral foi um dos primeiros jovens das então colónias portuguesas a serem contemplados com uma bolsa de estudos para Portugal e matricula-se no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa.
Em 1956, depois de ter militado durante cerca de um ano no MLNG (Movimento de Libertação Nacional da Guiné), Amílcar Cabral funda o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), a 19 de Setembro, juntamente com Aristides Pereira e outros nacionalistas cabo-verdianos e guineenses.
Em 1960, Cabral decide fugir com os seus companheiros para a Guiné-Conakri onde ficaria instalada a sede do PAIGC e começa a trabalhar activamente nos preparativos para o reforço do PAIGC e o arranque da luta armada de libertação nacional.
A 23 de Janeiro de 1963 inicia-se a luta armada na Guiné-Bissau.
Além da política, Amílcar Cabral destacou-se como poeta e profundo pensador do seu tempo e é considerado um dos principais nacionalistas africanos, “pai” da independência conjunta da Guiné-Bissau, oficialmente a 10 Setembro de 1974, e de Cabo Verde, a 05 Julho de 1975.
A 20 de Janeiro de 1973 Amílcar Cabral foi assassinado, em Conacri, na altura em que, como líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), travava a luta armada contra o exército português.
Inforpress