
Segunda-feira, 4 de Julho, 2022
O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), João Santos Luís, acusou hoje o primeiro-ministro de ter sido “desleal” para com o partido e discordou ainda do modelo para privatização dos aeroportos.
O líder do partido, que falava em conferência de imprensa, no Mindelo, referiu-se à “deslealdade,” porque, como disse, teve uma reunião ordinária com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, no dia 27 de Abril e nada foi falado sobre a concessão do serviço aeroportuário à empresa Vinci Airports.
Por isso, ajuntou, a UCID foi “apanhada de surpresa” com a publicação do decreto no Boletim a 04 de Maio.
“A UCID não pode e nem deve compactuar com atitudes desta natureza. Consideramos que se o assunto é o País, então deve-se ter a humildade e inteligência suficientes para colocar tudo em cima da mesa e desenharmos as melhores opções e alternativas adequadas” sublinhou.
Daí, ainda segundo a mesma fonte, quando o assunto é público, as decisões devem ser tomadas “da melhor maneira possível”, com “transparência e rigor”, respeitando as leis, “sem secretismos e sem confidencialismos exacerbados”.
E no caso da privatização da empresa pública Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), que, segundo a mesma fonte, emprega “mais de quatro centenas de trabalhadores”, as decisões “devem ser consensualizadas, debatidas e tomadas de forma ponderada” para não se trilhar “o caminho do prejuízo, como anteriormente já acontecera”.
O presidente da UCID referiu-se aos exemplos de Electra, em 1999, e da TACV, recentemente, que tiveram privatizações por ajuste directo, “procedimento de selecção pouco transparente e muitas vezes penalizante para o País”, e que obrigaram o executivo a “dar o dito pelo não dito” e a nacionalizar novamente as empresas, com “avultados prejuízos” para os contribuintes e toda a nação cabo-verdiana.
João Santos Luís disse que o partido não é contra privatizações, mas disse que a privatização da ASA “não é oportuna” devido às diversas crises vividas, e o Governo ao optar pelo modelo de ajuste directo, que “é último da tabela”, não teve em conta a “melhor oportunidade nem para o País, nem para a economia do País e nem para a empresa”.
Por outro lado, frisou, a concessão não prevê a construção de dos aeroportos de Santo Antão e Brava, que já estão em estudo há já algum tempo.
“Com o mal já feito, auguramos agora que os eventuais montantes a serem arrecadados sirvam para financiar a nossa economia, o País tem a urgente necessidade de fortalecer a sua base económica e para gerar riquezas e gerar postos de trabalho bem remunerados”, sublinhou João Santos Luís, que pediu ainda a fiscalização dos preços e serviços após a privatização, que, normalmente, “tendem a aumentar”.
O presidente da UCID exortou o Governo a ter mais ponderação nas próximas privatizações e apontou os exemplos da Enapor (portos) e da Emprofac (produtos farmacêuticos), esta última a quem o Estado “deve 1,200 mil contos” e que agora “está a ser asfixiada para se encontrar motivos para a sua privatização”.
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