UCID considera “show-off” e desrespeito visitas de uma “grande comitiva” governamental à ilha do Sal

A União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), no Sal, considerou esta segunda-feira, 06, que as visitas de uma “grande comitiva” governamental na última semana à ilha foi um “show-off desnecessário e altamente dispendioso”, numa altura que se pede contenção.

Aldirley Gomes, responsável do partido na ilha do Sal, reagia assim, em conferência de imprensa, às visitas da ministra das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação, Eunice Silva, da ministra da Coesão Social, Janine Lélis, também do Presidente da República, José Maria Neves, e respetivas comitivas.

“Numa altura em que a contenção é a palavra de ordem para mitigar a situação de crise que o próprio Governo não se cansa de apontar como culpada, eis que chega à ilha do Sal uma grande comitiva com ministros a tiracolo, técnicos do INGT, da IFH, da ECV, de projetistas, até do Banco Mundial, uma enorme delegação, para, imaginem, apresentar uma mão cheia de slides”, criticou.

Os slides a que Aldirley Gomes se refere têm a ver com a apresentação do projeto da estrada Espargos/Santa Maria, que no seu entendimento, “qualquer leigo percebe, sem margem para dúvida, terem sido claramente improvisados”.

“Nada contra os slides ou as estradas, aliás há muito deveria estar reabilitada (…). O Governo, que pretendeu aqui dar a ideia de grande salvador, deveria estar a penitenciar-se perante os cidadãos e a ressarcir os prejuízos que o utente das estradas do Sal tem sido obrigado a suportar por conta da tardia reação perante um problema que estava à vista de todos”, censurou.

Segundo a mesma fonte, o “show off” não se resumiu apenas às estradas, tendo sido também desfiado, conforme apontou, um “rol de promessas requentadas” da última legislatura, caso da área de servidão do Porto da Palmeira, zona especial económica, centro interpretativo de Pedra de Lume, que desde 2018 espera pela disponibilidade de “uns míseros” 70 mil contos, e os blocos habitacionais de Alto Santa Cruz.

“Relativamente a esta última promessa, foi surreal ver a ministra engolir tudo o que tinha dito na última legislatura quando o projeto se denominava de Assentamentos Urbanos de Génese Ilegal (AUGI). Aonde foi parar aquele projeto? Não era nada disso que estão construindo hoje”, questionou Aldirley Gomes em tom de crítica.

Prosseguindo com as contestações conta que hoje, em mais “uma reviravolta”, fala-se agora em transformar a atual zona de barracas em “Pulmão Verde”.

“Mas como, se nem as nossas ruas onde dizem ter gasto mais de 3,4 milhões de contos em requalificação urbana não conseguem, sequer manter uma árvore de pé?”, questionou, repreendendo que “são vidas, várias gerações que estão presas nesta teia macabra que os senhores governantes teceram para garantir as próprias posições, à custa da desgraça do povo desta Nação”.

Não poupando também críticas à recente visita de quatro dias do Presidente da República, Aldirley Gomes disse que José Maria Neves “perdeu uma grande oportunidade” de exercer, efectivamente, uma magistratura de influência.

“Preferindo servir de motor de arranque da campanha política do seu partido, na famosa dobradinha política, carregando a tiracolo o deputado e as figuras mais conhecidas do seu partido na ilha do Sal”, desabafou, comentando que não fosse o Tribunal de Contas uma “instituição fantoche” haveria de pedir justificações para “tanto gasto e pouca fruta”.

“Estas duas comitivas deram corpo ao que de pior temos nesta terra. Dois partidos que se digladiam pelo controlo dos recursos dos cabo-verdianos, relegando os cidadãos para último plano”, concluiu.

Inforpress

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