União de Sindicatos de São Vicente recusa entregar chaves da sede e tribunal ordena arrombamento de fechaduras

Oficiais do tribunal de São Vicente recorreram hoje a um carpinteiro para arrombar fechaduras do edifício da União dos Sindicados de São Vicente, e cumprir uma ordem do juiz, que mandou a UNTC-CS tomar posse do prédio.

Tal ocorreu uma vez que o representante da USSV, Tomás de Aquino, perante oficiais da Justiça, que se deslocaram ao local para executar a decisão do juiz, foi taxativo ao informar que não ia entregar as chaves, alegando que não foi notificado por escrito pelo tribunal e porque tinha pendente um recurso do caso junto do Tribunal da Relação.

Com esta posição gerou-se um impasse de hora e meia e foi necessário recorrer a um carpinteiro para arrombar as fechaduras, já na presença de agentes da Polícia Nacional, e dar posse do edifício à secretária geral da União Nacional dos Sindicatos de Cabo Verde – Central Sindical (UNTC-CS), Joaquina Almeida, que se deslocou da Cidade da Praia propositadamente para o efeito.

À imprensa, perante a indignação de algumas dezenas de trabalhadores que assistiram ao acto do pátio, Tomás de Aquino justificou a não entrega das chaves por considerar tal acção injusta, pois, continuou, o espaço é dos trabalhadores de São Vicente, que o conquistaram desde 1974.

“Ainda porque a secretária-geral da UNTC-CS colocou a UNTC-CS no tribunal e o tribunal de São Vicente decidiu expulsar a UNTC-CS da UNTC-CS”, ironizou a mesma fonte.

Por isso, o responsável da USSV classificou o arrombamento das fechaduras como “um acto de vandalismo, embora com uma decisão judicial”, mas “uma violência a trabalhadores e ao espaço dos trabalhadores de São Vicente”.

Tomás de Aquino explicou que o edifício foi doado pelo Governo de Cabo Verde para servir a União dos Sindicatos de São Vicente e os trabalhadores da ilha.

O prédio inicialmente encontrava-se registado em nome da USSV e, posteriormente, em 2015, a união pediu que o mesmo fosse registado em nome da UNTC-CS, “porque assim quiseram sindicatos de São Vicente, que são também UNTC-CS”.

“Estranhamento agora surgir este processo para nos expulsar daqui, porque Joaquina Almeida reivindicou, através de um processo judicial, o título de propriedade do espaço”, sintetizou, Tomás de Aquino, no local que albergava quatro sindicatos filiados na UNTC-CS.

Os trabalhadores de São Vicente “não vão aceitar esta violência”, continuou a mesma fonte, “não vão baixar os braços, vão continuar a lutar” porque o espaço foi conquistado, sintetizou, “com muita luta” ao longo de 47 anos do movimento sindical em São Vicente, que deu origem à UNTC-CS.

“Por ora vamos aguardar o desfecho do nosso recurso no Tribunal da Relação, se preciso for vamos até ao Supremo Tribunal de Justiça, mas não vamos baixar os braços perante este acto de perseguição de Joaquina Almeida, com coisas estranhas a acontecer no sistema judicial”, acusou Tomás de Aquino.

Concretizou que Joaquina Almeida foi notificada “há muito tempo desta decisão”, ao passo que USSV nunca o foi por escrito, e que a entrega do edifício foi feita para “satisfazer a agenda” da secretária-geral da UNTC-CS.

Contactada pelos jornalistas, a secretária-geral da UNTC-CS prometeu uma reacção para a tarde de hoje.

Inforpress

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