
Quarta-feira, 31 de Maio, 2023
“Lanço um forte apelo ao Governo e aos parceiros de cooperação de Cabo Verde, no sentido de aproveitarmos esta conferência, no nosso solo, para estabelecermos um pacto de subsidiariedade em prol desta ilha, para que ela não perca o seu momento e juntos impulsionarmos mudanças, para não deixar afundar o nosso motor de economia [turismo] e trabalhar para acelerar o desenvolvimento de Boa Vista, em particular, e de Cabo Verde, no seu todo”, pediu Cláudio Mendonça.
A intervir na abertura da segunda Conferência Internacional de Parceiros de Desenvolvimento, o autarca começou por notar que a Boa Vista é a terceira maior ilha do arquipélago em termos de dimensão, mas é das menos habitada, embora dotada de imensos recursos de desenvolvimento, suportado pelo turismo.
“A ilha precisa e clama por mais e melhores parcerias, para ajudarem a alicerçar, com solidez e sustentabilidade, o seu desenvolvimento”, insistiu, frisando que a Boa Vista ainda é “desprovida” de infraestruturas públicas e serviços básicos indispensáveis.
Apesar do atraso em relação à retoma, Mendonça deu conta que a ilha acolheu no ano passado 21% de turistas que visitaram Cabo Verde, mas ainda bem abaixo dos números anteriores à pandemia.
De acordo com as estatísticas do turismo do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), em 2022 cabo Verde recebeu cerca de 835 mil hóspedes, correspondendo a um acréscimo de 394,4% face ao ano de 2021.
A ilha do Sal continuou a ser mais procurada pelos turistas, representando cerca de 61,8% das entradas nos estabelecimentos hoteleiros.
Apresentando a Boa Vista como um “diamante por lapidar”, o político destacou muitas das suas potencialidades, como tendo cerca de 52% da extensão das praias de areia branca do país, uma vasta área de reservas naturais protegidas, diversidade de espécies endémicas e uma cultura rica, com destaque para a música, a dança, a literatura e a culinária.
O autarca disse acreditar que a conferência vai contribuir para impulsionar mudanças e acelerar o desenvolvimento de Cabo Verde, mas “sem deixar” Boa Vista para trás, ilha com cerca de 13 mil habitantes.
Como infraestruturas prioritárias para a ilha, apontou a construção de um hospital equipado, requalificação urbana do Largo Santa Isabel e da Orla Costeira de Estoril – Praia de Diante e Praia de Cabral, saneamento, eletricidade e água, extensão e iluminação da pista do Aeroporto Internacional Aristides Pereira.
A conferência está a decorrer sob o lema “Impulsionar mudanças e acelerar o desenvolvimento” e conta com a presença, física e virtual, dos principais parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde, quer públicos e privados, nacionais e internacionais.
Durante dois dias, o Governo vai apresentar e espera mobilizar recursos para a sua realização dos projetos e da sua visão constantes no Plano de Desenvolvimento Sustentável (PEDS II) 2022 – 2026, aprovado em 2022 e concebido para consolidar a estratégia de desenvolvimento sustentável e acelerar transformações estruturais que tornem o país mais resiliente e menos vulnerável a choques externos.
No documento preconiza-se um crescimento económico médio anual não abaixo de 5%, a erradicação da pobreza extrema até 2026, a redução da pobreza absoluta e a redução das assimetrias regionais, reforçando a coesão territorial e a coesão social.
O plano pretende cumprir os objetivos estratégicos de Cabo Verde, nomeadamente garantir a recuperação económica, a consolidação orçamental e o crescimento sustentável, promover a diversificação e fazer do país uma economia de circulação localizada no Atlântico médio.
Cabo Verde está a recuperar de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística e no ano passado recuperou totalmente dessa quebra, com a economia a crescer 17,7%, impulsionado pelo turismo, de acordo com dados das Contas Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Lusa