Boa Vista: “Mais do que ter um salário quis desempenhar uma profissão que ajudasse as pessoas”, diz bombeira Maria Irene

Maria Irene Tavares, bombeira de profissão, mãe de duas meninas, define-se como uma mulher que nunca deixou ninguém desmotivar-lhe por sempre desempenhar profissões que, socialmente, são identificadas como “trabalho para homem”.

Hoje, dia internacional dos bombeiros, é com esta determinação que Maria Irene começou a explicar como é que entrou para o concurso de bombeira na Câmara Municipal de Boa Vista, por sugestão de um amigo, onde foi a única mulher a ser seleccionada.


Recorda que quando chegou à ilha, à procura de emprego e devido às dificuldades, teve de trabalhar nas obras para se sustentar, e aos seus filhos, até encontrar outra opção.


“A minha opção não era ser bombeira, mas polícia, mas a minha altura não me permitiu entrar na corporação. Lembro-me que recebi uma chamada que tinha sido seleccionada para o concurso e após isso iniciei a formação”, disse referindo-se ao seu percurso até chegar a profissão que hoje garante desempenhar com amor e, sobretudo, com dedicação”.


Apesar de lamentar o facto de não ter tamanho suficiente para ir para o concurso de polícia decidiu em 2016 ir para o recrutamento militar, onde imaginou que poderia fazer uma carreira. Entretanto outras barreiras que “preferiu não expor”, não a deixaram seguir a carreira militar e decidiu viver na ilha da Boa Vista.


Maria Irene disse que quis este emprego, mais do que para receber um salário no final do mês. Estava disposta a dedicar-se, movida pela ideia de ajudar o próximo, com amor e profissionalismo. Aliás, explicou, desde a sua infância sempre desejou desempenhar uma profissão que ajudasse as pessoas.


Mas no decorrer da adolescência, devido às injustiças e aos problemas sociais que presenciava no bairro onde cresceu, referindo-se a casos de violência baseada no género (VBG), a violação contra menores, e na qual se sentia “indefesa”, por ser ainda jovem, pensou que sendo polícia poderia tentar combater os problemas sociais que varias vezes assistiu.


No seu percurso profissional Maria Irene sempre exerceu profissões, na maior parte das vezes, desempenhadas por homens, tendo começado, no primeiro emprego na Boa Vista, como segurança privada à porta de um hotel.


“Acho que as mulheres nunca poderão dizer que não conseguem algo. Podemos reafirmar varias vezes que conseguimos e quando é assim fazemos de tudo para que as coisas aconteçam da maneira que planejamos”, opinou.


Maria Irene é mãe solteira de duas meninas que teve de fazer o sacrifício de enviar para a Praia, para junto das avós tendo em conta que os horários da sua profissão não lhe permitem dar às filhas toda atenção de que precisam, porque muitas vezes ficavam em casa sozinhas.

 

Inforpress/Fim

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