Cabo Verde vai pedir novo financiamento ao Fundo Global para reforçar saúde

Cabo Verde vai apresentar novos pedidos de financiamento ao Fundo Global para fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde, nomeadamente no combate e prevenção da transmissão da malária, VIH/Sida e tuberculose, anunciou hoje a ministra da Saúde.

Em causa estão dois programas do Fundo Global, de mais de 300 milhões de dólares, o GC7 – sétimo ciclo de subvenção – e o C19RM – de apoio ao controlo dos impactos da pandemia de covid-19 no setor da saúde -, cuja segunda janela está aberta até maio e que será alvo da candidatura de Cabo Verde, com a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, a afirmar que representam “uma enorme oportunidade para se superar os grandes desafios em torno do fortalecimento do setor” no país.

“Bem como para mitigar o impacto das vulnerabilidades sócio económicas entre as populações prioritárias sujeitas a sérios riscos de degradação social. Para isso, temos de continuar a atrair, alavancar e investir em recursos adicionais para acabar com as epidemias de VIH/Sida, tuberculose e malária, reduzir as desigualdades sanitárias e apoiar a concretização dos objetivos de desenvolvimento sustentável”, afirmou a ministra, na abertura, na Praia, de um encontro com parceiros para preparar estas duas candidaturas.

Criado em 2002, o Fundo Global é uma instituição financiadora internacional que reúne governos, instituições da sociedade civil, o setor privado e as comunidades, dedicada a atrair e distribuir recursos que permitam prevenir e tratar, essencialmente, aquelas três doenças.

A instituição, um dos principais doadores internacionais de Cabo Verde, a fundo perdido, afirma que os financiamentos disponibilizados visam apoiar o objetivo de o país eliminar já este ano a transmissão vertical do VIH e da sífilis, reduzir as mortes por tuberculose em 50% face a 2015, e tratar 100% das pessoas com tuberculose resistente aos medicamentos, além de “manter o estatuto de Cabo Verde de zero casos autóctones de malária”.

Cabo Verde regista uma taxa de prevalência de Sida de 0,8% e desde 2012 tem uma taxa de um caso de tuberculose por cada mil habitantes.

“Temos de continuar a reforçar o sistema de saúde, integrado com a centralidade nas pessoas, por forma a precavermos impactos. Temos que conferir maior resiliência e sustentabilidade ao sistema, capacitar e melhorar as lideranças e aumentar a universalidade do direito do acesso aos serviços de saúde de qualidade”, acrescentou.

Para a ministra da Saúde, é hoje “consensual” que o Sistema Nacional de Saúde de Cabo Verde “registou avanços consideráveis na última década”: “Por exemplo, pelos avultados investimentos em infraestruturas e equipamentos médico hospitalares, bem como pelo aumento da capacidade de respostas em termos de recursos humanos. Importa sublinhar que parte dos ganhos obtidos no setor da saúde fica a dever-se às profícuas parcerias que o país tem desenvolvido com o Fundo Global, que, de resto, tem contribuído enormemente para que hoje o nosso país esteja no patamar onde se encontra”.

Segundo a titular da pasta da Saúde, em Cabo Verde as crianças expostas ao VIH “nascem livres de Sida” e “as suas mães permanecem vivas”, além de que 3.291 pessoas que vivem com VIH tê acesso aos tratamentos e 73% dessas têm uma carga viral suprimida. Também 100% dos casos de tuberculosos diagnosticados em Cabo Verde “são tratados” e nos últimos cinco anos não se registaram caso de malária autóctone no país.

“Esses resultados, dentro de critérios da OMS, qualificam o país para obtenção de certificação de eliminação da malária, este ano, e certificação de eliminação de transmissão vertical de mãe para filho do VIH e da sífilis, em 2024”, garantiu.

Reconheceu, contudo, que as “consequências das vulnerabilidades sócio económicas vividas em Cabo Verde” fazem o país depender de “um pedido de financiamento para se superar os principais desafios do Sistema nacional de saúde, incluindo a abordagem integrada e sustentável do HIV, da tuberculose e da malária nos cuidados de saúde primários” e do reforço da estratégia de prestação de serviços de qualidade às populações chave em risco de infeções por HIV e tuberculose.

Também ao nível do “fortalecimento da estratégia de não reintrodução da malária para manutenção da certificação do país livre” da doença, o “reforço da capacidade dos recursos humanos e consequentes respostas às demandas das mais diferentes áreas da saúde” ou da “otimização da cadeia de suprimentos de produtos de saúde”.

O Fundo Global alocou 4,7 milhões de dólares (4,4 milhões de euros) para financiar até 2025, nomeadamente programas de combate ao VIH/Sida, tuberculose e malária em Cabo Verde, segundo a planificação da instituição internacional noticiada anteriormente pela Lusa.

A maior parcela da verba alocada pela instituição para o período de 2023 a 2025 será para financiar programas de combate ao VIH/Sida, com 2,99 milhões de dólares (2,7 milhões de euros), seguido da malária, com 1,21 milhões de dólares (1,1 milhões de euros), e da tuberculose, com 500 mil dólares (470 mil euros), um valor semelhante ao atribuído de 2020 a 2022.

“A subvenção também apoia uma seleção de atividades direcionadas destinadas a ajudar a tornar os sistemas de saúde de Cabo Verde ainda mais resilientes e sustentáveis”, explicou anteriormente a instituição.

Lusa

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