Capitalização da Bolsa de Cabo Verde cresceu 12 vezes e já vale metade do PIB

A capitalização bolsista da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) cresceu praticamente 12 vezes nos últimos 20 anos e já vale mais de metade do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano, avançou hoje o presidente da instituição, Miguel Monteiro.

“Em dezembro de 2022 a capitalização bolsista atingiu cerca de 107 milhões de contos [107 mil milhões de escudos, 968 milhões de euros], o que representa cerca de 54,31% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde projetado para o ano de 2022. Ou seja, cerca de 12 vezes o valor registado em dezembro de 2005, data da reabertura oficial [da Bolsa]”, disse Monteiro.

O presidente da BVC falava, na Praia, na conferência internacional da comemoração dos 25.º aniversário da instituição, sob o tema “Finanças Sustentáveis – o Papel do mercado de capitais no financiamento ao desenvolvimento sustentável”.

O responsável acrescentou que em dezembro de 2022, a BCV contava com 208 títulos cotados no mercado de cotações oficiais, nomeadamente 193 títulos de tesouro, três obrigações municipais, oito obrigações ‘corporate’ e quatro ações ordinárias, além de seis bancos registados como operadores de bolsa.

Na sua intervenção, Miguel Monteiro recordou que nos finais de 2005, ano da reabertura da BVC, a capitalização bolsista era de apenas cerca de 9.000 milhões de escudos (80 mil euros) e que estavam admitidos à cotação apenas 44 obrigações do tesouro e ações de três empresas e quatro bancos registados como operadores de bolsa.

O presidente da BVC considerou que 25 anos após a criação da instituição e 18 anos após a sua reabertura, o crescimento tem sido “notável”: “Olhando um pouco à história, em dezembro de 2005, a BVC começou a realizar operações. Foi ainda levada a cabo a reforma dos títulos do tesouro que teve como objetivo assegurar um adequado custo de financiamento do Estado a longo prazo, alargando o número de participantes no mercado primário”.

E, acrescentou, “potenciando mecanismos de poupança de longo prazo, bem como a sua respetiva liquidez no mercado secundário, melhorando a gestão das emissões e criando mecanismos que permitem um controlo e acompanhamento efetivo do tesouro antes e após as emissões”.

Sublinhou ainda que a BVC, enquanto sociedade anónima, “tem apresentado resultados líquidos positivos há mais de 12 anos seguidos”, tendo à presente data um capital próprio de cerca de 150 milhões de escudos (1,3 milhão de euros).

O responsável anunciou anteriormente que prevê realizar este ano uma segunda oferta pública e mais do que duplicar até 2025 o total de empresas cotadas, para uma dezena.

A instituição conta ainda, atualmente, com quatro empresas cotadas, mas quer ver esse interesse alargado às pequenas e médias empresas, chegando às 10 cotadas até 2025, nomeadamente pelas alterações que estão a ser estudadas pela Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários, em termos de critérios de acesso e na diminuição do montante mínimo do capital necessário.

Atualmente, esse valor mínimo é de 100 milhões de escudos (cerca de 900 mil euros), mas após o estudo de outros mercados, Miguel Monteiro admite que essa exigência poderá cair para 20 a 30 milhões de escudos (180 a 270 mil euros).

A Bolsa de Valores de Cabo Verde foi criada em maio de 1998 e conta ainda com quatro empresas cotadas, com destaque para o Banco Comercial do Atlântico (BCA, detido pelo grupo Caixa Geral de Depósitos) e para a Caixa Económica, e outras que emitem obrigações.

A entrada em bolsa da Cabo Verde Telecom, a maior operadora de telecomunicações do país, chegou a ser aprovada, mas não foi ainda concretizada.

Lusa

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