Cerca de 30% da população cabo-verdiana é hipertensa – dados de 2020

O relatório nacional das Doenças Crónicas não Transmissíveis realizado em 2020 revelou que cerca de 30% da população cabo-verdiana sofre de hipertensão arterial, 3,7% tem diabetes e que consomem o dobro do sal recomendado pela OMS.

O anúncio foi feito pela directora Nacional da Saúde, Ângela Gomes, hoje, na cidade da Praia, durante a sua intervenção no workshop, promovida pela Direcção Nacional da Saúde, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) e o Hospital Universitário Agostinho Neto visando celebrar o Dia Mundial da Hipertensão Arterial, assinalado a 17 de Maio.

Segundo disse esta responsável, devido à mudança do perfil demográfico, epidemiológico e nutricional da população em Cabo Verde, as doenças cardiovasculares, diabetes e doenças oncológicas têm sido há mais de 20 anos as principais causas de doenças e de mortes no país.

Avançou que o relatório nacional das Doenças Crónicas não Transmissíveis de 2020 apontou que cerca de 30% da população tem hipertensão arterial, 3,7% diabetes e a população consome em média 3,4 porções de frutas e vegetais por dia, uma taxa inferior à recomendada pela Organização Mundial da Saúde que é de cinco porções por dia.

O mesmo inquérito revelou ainda que a prevalência do tabagismo se manteve entre 9 a 12,5%, metade da população tinha consumido álcool e consomem o dobro do sal recomendado pela OMS, que é de 5 gramas.

Perante essa situação, assegurou que o sistema nacional de saúde tem fortalecido as políticas e medidas de intervenção sanitárias para ajustar-se ao novo perfil epidemiológico do país e está em vista o novo plano nacional de doenças crónicas não transmissíveis.

Explicou que este ano a data é celebrada sob o lema “Verifique e controle a sua pressão arterial com precisão, Viva Mais!”, com foco no combate às baixas taxas de consciencialização sobre a problemática em todo o mundo, especialmente em países de baixa e média renda.

“A máxima importância deve ser continuamente dada a detenção precoce, ao tratamento da hipertensão e a prevenção das suas complicações, bem como a implementação das orientações padronizadas para gestão da hipertensão no âmbito dos cuidados de saúde primária que devem ser a porta de entrada do diagnóstico e do controlo efectivo da hipertensão arterial”, defendeu.

Por outro lado, reconheceu que é necessário reforçar e seguir com as recomendações e directrizes da OMS visando melhoria do acesso aos cuidados e medicamentos para o controlo da hipertensão arterial na identificação e tratamento das suas comorbidades principalmente das diabetes e das doenças cardíacas pré-existentes.

Ângela Gomes defendeu ainda que este é o momento de unir e reforçar as políticas públicas na promoção de dietas mais saudáveis, na prática de actividades física regular, para além do seguimento mais estrito da implementação das leis e regulamentos que visam diminuir os factores comportamentais nocivos tais como o consumo do álcool, e outras drogas, o tabagismo, hábitos alimentares inadequados que podem salvar vidas e reduzir os custos sociais e de saúde públicas devido a doenças crónicas não transmissíveis nomeadamente a hipertensão.

Por seu turno, o representante da OMS, Daniel Kertesz, congratula-se com a vontade do país de fazer a vigilância dos factores de risco das doenças não transmissíveis na fase juvenil, medida essa, que vai permitir passar as intervenções antes do alcance da fase adulta.

Na mesma linha, assegurou que a organização tem apoiado Cabo Verde na implementação do pacote de intervenções básicas para as doenças não transmissíveis a nível da atenção primária, onde o diagnóstico e o tratamento da hipertensão estão incluídos na abordagem do risco cardiovascular.

As estatísticas mundiais apontam que 1,3 milhões de adultos com idade compreendida entre os 30 e 79 anos sofrem de hipertensão, sendo que 2/3 estão em países de baixo e médio rendimento.

Os dados indicam ainda que 46% dos adultos com hipertensão nem sabem que têm a doença, menos de metade dos adultos são diagnosticados e tratados e apenas um em cada cinco adultos com hipertensão têm a doença controlada.

Inforpress

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