
Segunda-feira, 16 de Maio, 2022
A iniciativa Cartas com Ciência que envolve um total de 500 cientistas de língua portuguesa partiu de dois cientistas portugueses e quer contribuir para que “todas as crianças encarem como uma possibilidade o acesso ao ensino superior e a carreiras científicas”.
“Temos 18 cientistas cabo-verdianos que fizeram a nossa formação e estão na nossa base de dados; destes 7 estão a trocar cartas connosco (…) Temos um total de 500 cientistas de língua portuguesa na base de dados e quase uma centena a trocar cartas. Queremos muito ter mais cientistas de Cabo Verde”.
É o caso de Keila Lima (na foto), investigadora cabo-verdiana que trabalha na cidade do Porto, em Portugal, que desde novembro de 2020 começou a trocar cartas, até então foram duas, com uma criança de São Tomé e Príncipe. A jovem de 26 anos tomou conhecimento da iniciativa Cartas com Ciência nas redes sociais e resolveu aderir.
“A minha motivação para participar desta iniciativa é retribuir para a comunidade e incentivar mais jovens a investir na carreira científica”, diz a jovem em entrevista ao Balai e recorda que ela própria também beneficiou de um programa de cooperação que lhe permitiu estudar em Portugal, país onde fez o Mestrado em Engenharia de Redes e Sistemas Informáticos e onde há quatro anos trabalha como investigadora no Laboratório de Sistemas e Tecnologias Subaquáticas da Faculdade de Engenharia (FEUP) da Universidade do Porto.
Keila Lima que desenvolve o seu trabalho no campo da Marinha Robótica, uma área ligada à recolha de dados no fundo do mar, diz que gostaria muito de fazer algo nesta área em Cabo Verde.
A iniciativa Cartas com Ciência surgiu em 2020 pela mão de dois cientistas portugueses, Mariana Alves e o Rafael Galupa, e quer contribuir para que todas as crianças encarem como uma possibilidade o acesso ao ensino superior e a carreiras científicas, e que a língua portuguesa seja considerada uma mais-valia no acesso ao conhecimento, ciência, tecnologia e inovação.
“Vamos trocar cartas com crianças da nossa primeira turma em Cabo Verde a partir de setembro, em parceria com a Associação EDUCAR. Temos mais professores de Cabo Verde inscritos e em lista de espera”, explica Mariana Alves ao Balai.
A cofundadora adianta que apesar de ainda se estar a medir o impacto da iniciativa cujas primeiras turmas, duas em Portugal, uma em São Tome e Príncipe e uma em Timor-Leste (quase 100 pares estudante-cientista) estão ainda a trocar cartas, tanto os cientistas como as crianças mostraram-se satisfeitos com o projeto.
“Todos os professores envolvidos no programa de troca de cartas manifestam extrema satisfação e reações entusiásticas dos estudantes, especialmente ao abrirem as suas cartas. Para 89% destes alunos, foi a primeira vez que “conheceram” um(a) cientista, e para 54% foi a primeira vez que escreveram ou receberam uma carta. Cientistas que trocaram cartas descrevem a experiência como “gratificante” (80%) e “divertida” (72%)”.
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