
Quinta-feira, 21 de Setembro, 2023
São várias as vozes, especialmente de trabalhadores, funcionários, a criticar o preço para a obtenção da declaração do teste de despiste à covid-19, a qual deverá ser apresentada no Instituto Nacional de Providência Social (INPS), bem como nos respectivos serviços para justificação de faltas, por terem estado em isolamento ou quarentena.
Um tanto ou quanto indignado e com alguma ironia, Mário Augusto contou em declarações à Inforpress que nem toda a gente tem esse valor para pagar por uma “folha de papel assinado e com carimbo do médico”.
“Isso é uma aberração, mormente no contexto em que vivemos, com pessoas desempregadas, a passar por sérias dificuldades financeiras, com pouco rendimento… se se apanhar a covid-19, tiver que fazer o teste, necessitando da declaração, terá que desembolsar mil escudos. É uma quantia muito elevada para uma assinatura do médico numa folha de papel”, ironizou, acusando que isso é “aproveitar-se da situação para meter as pessoas a mão no bolso”.
Outros, atendendo, porém, que tudo na vida tem seu custo, criticam, entretanto, o facto da Delegacia de Saúde local passar muito tempo para fazer a entrega do documento, depois de terem tido alta.
“A gente fica todo esse tempo em casa sem trabalhar, mas depois de ter tido alta, é uma aflição, uma correria, até se conseguir tomar a declaração para entregar no INPS, e na entidade empregadora. Julgo que há que haver melhor organização dos serviços de saúde”, conta Maria Monteiro cujo agregado familiar esteve confinado por ter sido infectado pelo vírus da covid-19.
Admitindo que a saúde tem seus custos, que as pessoas devem pagar pelos serviços, Maria Monteiro disse que em sua casa foram três declarações, ou seja, três mil escudos.
“Mil escudos podem não ser nada para algumas famílias, mas para outras é muito dinheiro. Já que num contexto diferente, onde o Governo vem apregoando ajuda às famílias… as autoridades competentes poderiam, perfeitamente, rever a situação, baixando este preço”, apontou, comentando que uma resma de papel de fotocópia custa 400/600 escudos.
Confrontado com estas queixas, o delegado de Saúde, José Rui Moreira, explicou que as pessoas que não podem pagar esse valor apresentam o atestado passado pela câmara municipal, e serão isentas de pagamento.
“É um atestado médico que se está a passar. Qualquer estrutura de saúde cobra pela emissão de documentos. Mas se a pessoa não tem condições financeiras apresenta um atestado de pobreza, e não pagará nada”, explicou, admitindo, porém, a morosidade na entrega dos atestados, alegadamente por ser grande quantidade.
“Tenho muitas coisas sob a minha responsabilidade, trabalho 20 horas por dia, praticamente. Passo a noite inteira, até à madrugada, a passar esses atestados. São muitos, porque, perante, também, muitos casos de infecções na ilha do Sal, que poderiam ser evitados se a população tomasse consciência e passasse a usar máscaras muito mais”, exteriorizou.
“Se as pessoas usarem máscaras teremos menos casos e, consequentemente, menos declarações a passar por causa de infecções provocadas pela covid-19”, concluiu o médico em tom de advertência.
Inforpress/Fim
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