Dezasseis municípios realizam em simultâneo Marcha Outubro Rosa e Novembro Azul

Segundo a presidente da ACLCC, Cornélia Pereira, a ideia é constituir uma corrente nacional e simultânea precisamente para fortalecer a necessidade de consciencializar as pessoas e de levar informações sobre o cancro à população.

Dezasseis municípios do país aderiram na manhã deste sábado, 18, à Marcha Outubro Rosa e Novembro Azul, alusiva aos cancros da mama e de próstata, realizada pela Associação Cabo-verdiana de Luta Contra o Cancro (ACLCC).

“Já estamos com quase 90 por cento dos municípios connosco. A ideia é constituir uma corrente nacional e simultânea precisamente para darmos essa energia da necessidade de cada vez mais as pessoas estarem mais conscientes e também de levar informações à população sobre a questão do cancro”, disse a presidente da ACLCC, Cornélia Pereira, em entrevista ao Balai.

De acordo com Cornélia Pereira, esta é a segunda vez que estão a realizar esta marcha coletiva. “Não é a primeira vez que estamos a fazer essa marcha. Em 2018, fizemos também uma marcha com adesão geral de quase todos os municípios através das delegacias de saúde e das câmaras municipais e este ano pensamos em levar esta corrente cada vez mais forte com uma marcha simultânea em todas as ilhas. Dos 22 municípios neste momento estão connosco 16“, diz e acrescenta que a marcha visa levar informação de forma a sensibilizar as pessoas a estarem atentas sobre os riscos associados ao cancro.

Na cidade da Praia a marcha passou por alguns bairros, tendo começado no largo de Quebra Canela. “Distribuímos panfletos, levamos a palavra de ordem e energia positiva que é o que precisamos a nível do cancro, para que ninguém desanime porque o cancro tem cura desde que seja detetado a tempo.”

Questionada sobre se a população está mais consciencializada sobre o cancro, principalmente os homens, Cornélia Pereira responde que sim e afirma que “a Associação Cabo-verdiana de Luta Contra o Cancro conseguiu mudar a mentalidade da sociedade cabo-verdiana a nível do cancro.”

“Recentemente, houve uma atividade na Boa Vista onde foram rastreados 350 homens em quatro dias pelo que as pessoas estão consciencializadas. Estivemos também em Santa Cruz e houve mais homens rastreados do que mulheres, é um sinal de que os homens estão a ter em conta essa grande preocupação. Estão a despir-se um pouco dos seus preconceitos, estigmas e machismo que nos tem inculcado, mas isso é algo que levamos tempo para tentar desmistificar para podermos dizer que a Associação cabo-verdiana ao longo dos 16 anos de atividade já conseguiu mudar a mentalidade da população cabo-verdiana.”

Cancro, uma luta de todos

Várias pessoas de diferentes faixas etárias participaram na Marcha Outubro Rosa e Novembro Azul na cidade da Praia. A primeira-dama Débora Katisa Carvalho fez questão de marcar e disse que em Cabo Verde há causas que são de todos.

“Nesse momento o cancro é uma das principais causas de morte em Cabo Verde. Cerca de 300 pessoas morreram todos os anos no país devido ao cancro. Então é uma luta de todos e tinha que estar presente para chamarmos a atenção para essa doença e para sensibilizarmos toda a população cabo-verdiana, mas também para falarmos que muitas vezes é possível prevenir e evitar todo um transtorno que essa doença causa nas famílias, empresa, na sociedade cabo-verdiana no geral. Podemos colaborar para a prevenção, mas também se essa doença for descoberta temos elevadas chances e probabilidade de cura”, disse Débora Carvalho e elogiou a iniciativa de juntar o Outubro Rosa e Novembro Azul.

Luís Vieira tem 58 anos e todos os anos para além de fazer todas as suas consultas faz questão de marcar presença na marcha.

“Todos os anos participo da marcha porque gosto e é uma coisa boa. Todas as pessoas deviam participar. Essa marcha serve para incentivar as pessoas para podermos ter um mundo melhor. Todos os anos no mês de novembro faço todas as minhas consultas.”

Ciente dos riscos do cancro, Ludmila Silva, de 44 anos, recentemente fez os seus exames de citologia e de mama e hoje fez questão de ir apoiar a marcha. “Por acaso já tive familiares que morreram por causa do cancro, que é uma doença silenciosa e que qualquer pessoa está propensa a ter. Apoio com vontade, amor e sem medo essa luta. Acho que a população precisa ser mais conscientizada em tudo.”

Apesar de estar consciente dos riscos da doença, Crisante da Luz de 35 anos mostrou-se ainda com um pouco de estigma em relação ao exame de próstata. “Estou aqui em tratamento, mas não de cancro e fui convidado a participar da marcha. Estou consciente sobre a doença, mas nunca tive interesse em saber sobre o exame de próstata. Agora vejo que realmente é uma doença que está a provocar muitos danos e vou prevenir.”

No evento marcaram presença doentes oncológicos. É o caso de Maria Ramos que há cerca de 3 anos foi diagnosticada com cancro de mama em São Vicente e está na capital do país em tratamento. Enquanto espera para recuperar a saúde decidiu participar na marcha Outubro Rosa e Novembro Azul.

António Rodrigues também está a lutar contra o cancro. Sempre fez as suas consultas de prevenção em São Vicente e no dia 7 de dezembro do ano passado foi diagnosticado com cancro de próstata. Neste momento está na cidade da Praia em tratamento e a aguardar para ser evacuado para Portugal.

“O tratamento está a correr bem por um lado, mas para outro não está bom porque desde dezembro estou à espera de ser evacuado para Portugal. Já fui chamado duas vezes, não fui porque não havia lugar e continuo à espera. Fui comunicado que era preciso ter um familiar em Portugal, mas não tenho, então tenho que aguardar. Até que estou com vontade de ir porque é cancro de próstata e com o passar do tempo pode ficar mais complicado”, diz o paciente oncológico que hoje fez questão de marcha na luta contra o cancro.

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