Maio: Pescador Marcelino Santos diz-se “feliz e orgulhoso” por ter escolhido a pesca como profissão

Marcelino Santos, um dos mais antigos pescadores da ilha do Maio, e que reside na vila da Calheta, diz-se  “feliz e orgulhoso” por ter escolhido a pesca como profissão, porque ele é o patrão no seu “gabinete” de trabalho.

Em conversa com a Inforpress, por ocasião do Dia Nacional do Pescador, que se celebra hoje, 05 de Fevereiro, Marcelino Santos disse que começou nesta profissão ainda adolescente, com apenas 15 anos, porque “não tinha muita paciência” com a escola.

“Por isso enveredei para esta área. Sinto-me feliz porque foi através da pesca que consegui constituir família, construir a minha moradia e educar as três filhas”, contou.

Marcelino Santos confessou, por outro lado, que além de ser uma profissão, a pesca é para ele uma “terapia”, porque estando no mar sente-se à vontade, embora admita que no início era um pouco cansativo tendo em conta que utilizavam remo e vela para irem à faina, porque não possuíam motor fora de borda.

Aquele pescador disse que antes havia mais peixes e conseguiam fazer boa captura e nem sempre muito distante da costa, diferente dos dias de hoje, salientando que atualmente não tem sido fácil conseguir um dia de trabalho.

“Muitas coisas mudaram, principalmente porque as embarcações semi-industriais têm feito captura fora da área que lhes são permitidos, além da apanha ilegal de isco, que na maioria das vezes, é feita para comercialização”, justificou.

Reconheceu que atualmente os pescadores estão mais apetrechados, graças às novas tecnologias, o que na altura “era impensável”, no entanto lembrou que a captura está mais difícil tendo em conta a escassez de pescado.

Mesmo assim, Marcelino Santos recomenda aos jovens com gosto para esta atividade a se dedicarem, por entender que a pesca é uma fonte de rendimento, ainda sustentável, porém aconselha-os a fazerem formações profissionais nesta área.

Marcelino Santos, que hoje preside a associação “Vindos do Norte”, fez saber que esses quase seis anos à frente da organização tem lhe permitido ganhar muita experiência, assim como viajar para outras ilhas e fora do país.

Mas antes de abandonar a liderança, algo que já cogita, enfatizou que o seu grande objectivo é dotar a associação dos pescadores da zona norte de uma máquina de gelo, algo que diz poderá vir acontecer brevemente, uma vez que este equipamento, financiado pela FAO, já se encontra no país e a qualquer momento pode chegar a ilha do Maio.

Um outro aspeto que preocupa este homem do mar tem que ver com o estado em que se encontra a casa de abrigo dos pescadores, sita em Porto Cais, que, outrora, conforme afiançou, acolheu muitos pescadores, tanto da ilha do Maio como da vizinha ilha de Santiago.

Marcelino Santos, para quem a casa de abrigo devia ser uma prioridade para as autoridades, partilhou também que naquele espaço conseguiram obter muito rendimento porque todo o pescado era comprado pela então fábrica de comercialização na ilha.

Porém, confessou que ao longo da sua caminhada aconteceram momentos bons, mas também menos bons, apontando que foi vítima de três naufrágios, mas que, felizmente, tanto ele como os colegas saíram ilesos.

Marcelino Santos disse à Inforpress que começou a aprender a técnica de pescar junto com as pessoas mais velhas, a quem aproveitou para expressar a sua gratidão, e exortou os jovens a respeitar os mais idosos pelas suas experiências e pelo respeito que merecem.

Inforpress

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