
Sexta-feira, 19 de Agosto, 2022
Depois de uma espera de mais de dois anos, várias dezenas de pescadores que operam no cais de pesca do porto de Vale dos Cavaleiros indicam que a situação se tornou “insustentável com acumulação de areia” e que tal “não compadece com mais espera”, defendendo que a intervenção deve ser “urgente”.
O presidente da Associação dos Pescadores de São Filipe, Jorge Nilton, referiu que a dragagem da areia no cais de pesca já foi analisada várias vezes com as autoridades e na comunicação social, explicando que esta infra-estrutura está a perder a sua utilidade.
Neste momento, continuou, “nem as embarcações de médio porte consegue operar neste espaço”, que está a servir apenas para colocação de redes.
“Até as embarcações de boca aberta podem sentar-se na areia, dependendo da maré. Queremos uma dragagem séria e não retirar, duas ou três carradas de areia, e deixar tudo na mesma”, advogou o presidente da associação dos pescadores.
A mesma fonte observou que é necessário deixar o cais como no início, e, anualmente fazer a dragagem por se tratar de um espaço fechado e em que não há corrente para retirar a areia que entra e fica acumulada nesta área.
Ligado ao desassoreamento, este apontou outra preocupação que tem estado a afectar a captura do pescado e a sua comercialização a um preço elevado, devido à falta de investimento em embarcações de maior porte.
“Ninguém vai investir numa embarcação para colocar neste cais correndo o risco de perdê-la, não é só o problema de areia, porque quando o mar está agitado não há acesso para entrada e saída em segurança e tudo isso está afectar a captura de pescado”, disse Jorge Nilton.
Segundo o mesmo, as pessoas não estão a investir sem ter um cais em condições para receber embarcação de médio e grande porte sem risco de acidente ou de ficar parado sem poder sair para o mar.
Apontou o exemplo de um operador que investiu em duas embarcações e devido a estas situações, em pouco tempo, levou-as para Brava e depois para a Cidade da Praia.
Os pescadores exortam as autoridades para os apoiarem no desassoreamento do cais de pesca porque, assim como está, não facilita a operação, sobretudo no regresso das embarcações.
António Dias lembrou que fizeram o pedido “várias vezes”, mas “sem sucesso”, isto apesar de a areia que se retira do espaço poder ser comercializada, opinião partilhada pelos companheiros Henrique Alves e Zito Tavares.
Nas duas intervenções realizadas no início de 2020, com recurso a máquina, explicou um dos pescadores, foi junto à terra e não junto ao cais onde a areia está acumulada em grande quantidade e uma semana depois o arrastadouro voltou a assorear.
Esta situação no dizer dos pescadores tem tido um impacto negativo na vida deles e das suas famílias e por isso querem uma “intervenção mais rápida possível” para garantir a segurança de mais de duas centenas de pescadores que operam neste espaço.
A profundidade do cais de pesca aquando da sua construção era de mais de três metros e meio e na entrada era de cerca de sete metros, mas, neste momento, devido ao assoreamento junto ao cais, a profundidade é de cerca de um metro.
Qualquer embarcação de boca aberta pode assentar na areia e na entrada de aproximadamente dois metros, não permitindo assim que embarcações de médio ou grande porte, entre no cais para operar, e muitas vezes fazem transbordo do pescado para as embarcações de boca aberta para trazer para a terra.
Há cerca de três anos que o problema de assoreamento tem sido colocado com frequência e as autoridades fizeram uma tentativa para proceder o desassoreamento, trazendo uma empresa especializada, mas o equipamento revelou inadequado e houve necessidade de meter uma máquina retroescavadora para desassoreamento parcial, mas pouco tempo voltou a precisar de nova intervenção.
No passado mês de Fevereiro, aquando da comemoração do Dia Nacional dos Pescadores, o presidente da Câmara Municipal de São Filipe, Nuías Silva, prometeu aos pescadores que iria dialogar com o ministro da Economia Marítima para mobilizar recursos para desassoreamento do cais de pesca que representa um perigo acrescido para os pescadores.
Para outros operadores o desassoreamento seria uma alternativa para abastecer o mercado de construção civil com areia já que há vários meses que apanha da areia nas praias da ilha estão interditadas.
Inforpress/Fim
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