Fogo: Proprietário de pedreira indignado com retoma de extração de areia na praia de Fonte Bila

O empresário António Rodrigues, proprietário da pedreira AFR Construção Civil, situada na zona de Baleia (Mosteiros), mostrou-se hoje indignado com a decisão do Governo de reabrir a apanha de areia na praia de Fonte Bila.

O empresário, conhecido por Totone, que na passada terça-feira usou a rede social para manifestar a sua indignação, avançou à Inforpress que a retoma da extracção de areia na praia de Fonte Bila representa uma atitude “ilegal e criminosa” contra o meio ambiente, observando que a praia de Fonte Bila é uma das poucas praias de areia negra existente no mundo.

Segundo o mesmo, não corresponde à verdade de que não há solução a nível do abastecimento de inertes para a construção civil na ilha, indicando que a sua pedreira dispõe de material (areia, brita e jorra) à-vontade, lembrando que foi apoiado pelo Governo que o incentivou a fazer o investimento.

“O Governo me apoiou desde início da elaboração do plano de negócio até à implementação do projecto, contemplando com um aval do Estado no valor de 50 por cento (%) do investimento para a concretização deste projecto para minimizar a situação de inertes na ilha do Fogo, evitando assim a apanha de areia ilegal e de forma informal nas praias da ilha do Fogo”, afirmou o proprietário da pedreira de Baleia.

Com o projecto concluído, a pedreira tem capacidade para produzir 200 a 300 metros cúbicos de material de boa qualidade e em quantidade para servir o mercado da construção civil de toda a ilha, referiu António Rodrigues que não entende a nova autorização do Governo para apanha de areia na praia de Fonte Bila.

“Acho que é uma atitude ilegal e o Governo devia sensibilizar o empreendedor para ver forma de colmatar esta situação que é desastroso para o meio ambiente e que põe em causa o investimento”, referiu o empresário do ramo da construção civil, sublinhando que continuando a exploração de areia na praia de Fonte Bila fica na obrigação de fechar a pedreira, já que não está em condições de concorrer com apanha de areia nas praias.

Este explicou que o próprio preço praticado é irrisório, lembrando que a areia natural tem um preço mínimo de três mil escudos por metro cúbico e para apanha nas praias estão a cobrar um preço “muito inferior” não permitindo assim que as pessoas adquiram os materiais na pedreira que tem compromissos com funcionários, bancos, combustíveis e outros, acrescentando que não havendo forma de sustentabilidade o destino é fechar as portas.

“Temos capacidade para produzir 200 a 300 metros cúbicos de inertes, mas na verdade não vendemos 50 metros cúbicos/dia e com a reabertura da apanha de areia não vejo a possibilidade de vender nem 10 metros cúbicos”, disse António Rodrigues, acrescentando que a pedreira tem em stock grande quantidade de areia, brita e jorra para a construção civil.

Contrariamente à opinião de algumas pessoas, António Rodrigues avançou que o material produzido na pedreira é de boa qualidade para a construção civil e que, inclusive, há documentação de testes feitos no Laboratório de Engenharia Civil (LEC) na Praia que comprovam a qualidade, alertando as instituições que financiam projectos de construções que são edificadas com areia de mar, porque, explicou, as construções podem ter problemas num período inferior a 20 anos.

Para o proprietário da pedreira de Baleia o único motivo que vislumbra neste momento para a reabertura da apanha de areia na praia de Fonte Bila está relacionado com aquilo que classificou de “algumas campanhas políticas” de pessoas que querem tirar algum proveito da extracção da areia na praia de Fonte Bila, indicando que se não fosse assim todos os dirigentes e órgãos políticos da ilha abraçariam o seu projecto.

A pedreira de Baleia representa, no global, um investimento na ordem de 300 mil contos que está sendo feito de forma faseada, avançando que neste momento já investiu mais de 100 mil contos que estão em risco, razão pela qual apela ao Governo a ser mais sensível com os empreendedores.

“Uma pessoa que faz todo o esforço para investir é porque tem vontade que a sua ilha desenvolva”, disse o empresário, observando que foi com sacrifício que realizou o investimento já que só o processo de obtenção da licença levou oito anos e para conseguir o financiamento foi uma luta enorme.

Inforpress

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