Fundação pede apoio a Cabo Verde para interlocutor na Guiné-Bissau sobre Cabral

O presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, disse hoje que pediu apoio do Governo cabo-verdiano para encontrar um interlocutor na Guiné-Bissau para o roteiro do patrono, um dos pontos para o centenário do nascimento do líder histórico.

“Temos procurado estabelecer relações com as instituições da Guiné-Bissau e temos pedido o apoio do Governo de Cabo Verde para também ter uma intervenção junto das instituições do Estado da Guiné-Bissau. Não vai depender só de nós, mas aí o que eu posso dizer é que eu já fiz mais do que o apelo nesse sentido”, afirmou o antigo chefe de Estado cabo-verdiano, à agência Lusa, na cidade da Praia.

Há um ano, também numa entrevista à Lusa, Pedro Pires disse que a Fundação quer criar um roteiro do patrono em Cabo Verde, para percorrer no centenário do nascimento, em 2024, mas lamentou a ausência de interlocutores capacitados para fazer esse trabalho em vários sítios, inclusive na Guiné-Bissau.

“Essas comemorações, para que tenham todo o seu significado, todo o seu peso, precisam da participação ativa das instituições da Guiné-Bissau. Mas isso não depende só de nós, depende também da vontade política das instituições da Guiné-Bissau. O nosso apelo é que devemos fazer isso juntos, Guiné e Cabo Verde”, insistiu.

Entendendo que os dois países não veem a história, o presente e o futuro da mesma maneira, o presidente enfatiza que o deseja é que o roteiro e as comemorações sejam compartilhados entre a Guiné-Bissau e Cabo Verde.

“Teria muito mais força e, do ponto de vista histórico, seria mais justo e correto”, entendeu, insistindo na ideia de que o centenário do patrono não é um acontecimento reservado à Fundação.

“Portanto, do nosso ponto de vista, deve ser nacional e deve haver envolvimento mesmo de liderança das instituições do Estado de Cabo Verde. Nós, da Fundação, temos um trabalho, diria, de animação, de provocação, de estimular, para que a comemoração, durante todo esse ano que vai decorrer, tenha impacto dentro, mas também fora de Cabo Verde”, indicou.

Pedro Pires deu conta que já dialogou com todas as instituições em Cabo Verde, desde a Presidência da República, Governo, Ministério da Cultura e municípios.

“A nossa intervenção vai no sentido de provocar o maior envolvimento possível das instituições cabo-verdianas. Mas quando falo das instituições não quero referir somente ao Estado, mas refiro-me aos municípios”, reforçou, garantindo que a instituição que dirige vai continuar esse diálogo.

Em 20 de janeiro último, dia em que se assinalou os 50 anos do assassinato de Amílcar Cabral, o presidente lembrou que foram realizadas uma série de atividades, em colaboração com a câmara municipal de Santa Catarina de Santiago e a Universidade de Santiago.

Fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Cabo Verde deu lugar ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), e líder dos movimentos independentistas nos dois países, Amílcar Cabral nasceu em 12 de setembro de 1924 e foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri, aos 49 anos.

Filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora, o líder histórico nasceu na Guiné-Bissau e partiu com oito anos, acompanhando a sua família, para Cabo Verde, onde viveu parte da infância e adolescência, antes de se licenciar em Agronomia, em Portugal, em 1950.

Ideólogo das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde, foi considerado em 2020 o segundo maior líder mundial de todos os tempos, numa lista elaborada por historiadores para a BBC e com a votação dos leitores.

A lista é da “BBC World Histories Magazine” e foi feita por historiadores, que nomearam aquele que consideraram o maior líder, alguém que exerceu poder e teve um impacto positivo na humanidade.


Lusa

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