G7 quer reduzir “dependência excessiva” da China

Reunidos no Japão, líderes do G7 debatem melhor forma de reduzir dependência chinesa. Conflito na Ucrânia será também um dos temas em cima da mesa, já que o Presidente Volodymyr Zelensky participa no encontro.

Reunido no Japão, o grupo das sete economias mais desenvolvidas (G7) acordou, este sábado (20.05), definir medidas para reduzir a “dependência excessiva” da China em setores críticos, mas sem por em causa o desenvolvimento económico chinês.

Na declaração final da cimeira realizada na cidade japonesa de Hiroxima, os líderes do G7 defendem que uma economia resiliente “requer que sejam eliminados riscos e requer diversificação” e afirmam a necessidade de dar passos nesse sentido individualmente em cada uma das economias nacionais e também como grupo.

A declaração do G7 sublinha que a orientação defendida “não pretende prejudicar” Pequim nem impedir o progresso e o desenvolvimento económico da China, com o grupo a defender que “uma China em crescimento, a jogar segundo as regras internacionais é do interesse global”.

O documento final do bloco económico que junta Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia (UE) foi publicado um dia antes do previsto e aponta “políticas e práticas comerciais da China que contrariam a economia de mercado”.

A declaração final dos líderes do G7 foi divulgada pouco depois da publicação de outro documento, sobre “coerção económica”, em que, sem mencionarem qualquer país, condenavam a utilização como “arma” das capacidades exportadoras e a sua instrumentalização como ferramenta política.

Pequim responde

Em reação, e num comunicado publicado, este sábado, na rede social chinesa WeChat, a embaixada da China em Londres afirmou que “os membros do G7 ignoram os princípios da economia de mercado e da concorrência leal, e reprimem injustificadamente as empresas chinesas”.

A embaixada chinesa acusou Washington de “generalizar o conceito de segurança nacional, abusar das medidas de controlo das exportações e adotar práticas discriminatórias e injustas contra empresas de outros países”.

“A própria China é vítima da coerção económica dos Estados Unidos”, disse a embaixada, referindo que Pequim “sempre se opôs firmemente à coerção económica de outros países”.

A diplomacia chinesa apelou ainda ao G7 para que “abandone a mentalidade da Guerra Fria” e “deixe de interferir nos assuntos internos de outros países”, bem como de “criar confrontos e divisões na comunidade internacional”.

“Como presidente rotativo do G7, o Japão deve responder e abordar as preocupações da comunidade internacional de uma forma responsável”, criticou.

Sobre Taiwan, reafirmou que a ilha “é uma parte inalienável do território da China desde os tempos antigos” e a defesa do princípio de “uma só China” para Pequim desenvolver relações com outros países.

Acusou ainda os G7 de tentar “semear a discórdia para que vários países confrontem a China” e garantiu que Pequim “é um firme defensor” do direito marítimo internacional, numa referência às disputas no Mar do Sul da China.

Zelensky no Japão

As conversações do G7 sobre a China realizam-se um dia após os líderes terem anunciado um pacote de novas sanções contra a Rússia para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar a guerra contra a Ucrânia. Na mesma ocasião, os líderes do G7 apelaram também à China para pressionar a Rússia a parar a guerra contra a Ucrânia.

A presença do Presidente Volodymr Zelenskyy no encontro de três dias em Hiroshima permitirá a continuação do debate sobre o conflito na Ucrânia.

“Japão. G7. Reuniões importantes com parceiros e amigos da Ucrânia. Maior segurança e cooperação para a nossa vitória. Hoje, a paz estará mais próxima”, afirmou Zelensky nas redes sociais, após ter chegado à cidade japonesa da Hiroxima.

Ao longo da sua estadia, o líder ucraniano deverá manter conversações bilaterais com vários líderes. Estão previstos, entre outros, encontros com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e com os presidentes norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, segundo a AFP.

Zelensky poderá também trocar impressões com as grandes potências emergentes não alinhadas, como o Brasil e, sobretudo, a Índia, que mantém relações militares estreitas com a Rússia e se recusou a condenar a invasão da Ucrânia.

Zelensky viajou para o Japão desde a Arábia Saudita, onde discursou perante a cimeira dos 22 países da Liga Árabe, na sexta-feira.

G7 condena mísseis sem precedentes

Também este sábado, os líderes do G7 condenaram o “volume sem precedentesde lançamentos ilegais de mísseis balísticos pela Coreia do Norte” desde 2022, e apelaram para novas sanções contra o regime de Pyongyang.

O G7 exortou Pyongyang a abster-se de novas “ações desestabilizadoras ou provocadoras”, incluindo a realização de novos ensaios nucleares, segundo o documento citado pela agência espanhola EFE.

Para o G7, tais atos “devem ser objeto de uma resposta internacional rápida, uniforme e enérgica, incluindo novas medidas significativas a tomar pelo Conselho de Segurança da ONU”, que não sanciona Pyongyang desde 2017.

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