
Sábado, 2 de Dezembro, 2023
O geofísico do Instituto de Meteorologia e Geofísica disse hoje que está a ter introduções de magma na base da ilha Brava que estão a levantar a ilha, mas revelou que não há possibilidades de haver erupção.
Bruno Faria deu estes esclarecimentos, em conferência de imprensa, na sede do Instituto de Meteorologia e Geofísica (INMG), no Mindelo, a propósito das atividades sísmicas registadas recentemente na ilha.
“O que está a acontecer é que a ilha, com muita frequência, tem tido estas introduções de magma na sua base que ao fim ao cabo funciona como um macaco de um automóvel que estão a levantar a ilha. Num processo muito lento, nós não conseguimos ter a perceção directa, mas acontece geologicamente e os marcadores são muito claros”, clarificou.
Segundo Bruno Faria, neste momento o que se passa na ilha Brava é uma acumulação de magma na sua base que futuramente se poderá observar o seu efeito que vai levantar um bocadinho a ilha.
A título de exemplo revelou que à entrada no Porto de Furna, mesmo à esquerda há corte geológico que mostra o depósito de uma praia que poderá estar a uns quatro a cinco metros acima da altitude do nível do mar. Ou seja, clarificou, no passado a praia estava “dentro do nível do mar e agora está àquela altitude porque a ilha tem sido levantada”.
“Se há um corpo estranho na base da ilha, necessariamente está a deformar a ilha e é este processo de deformação que está a produzir estes sismos. E como são massas de rochas muito grandes que estão a ser deslocadas, às vezes produz estes sismos de magnitude elevada que se tem sentido na ilha. Portanto, podem ser rupturas novas ou então activação das falhas que já existem na história da ilha há muito tempo” acrescentou.
No entanto, segundo Bruno Faria, “as probabilidades de acontecer uma erupção na Brava são muito baixas”, tendo em conta que “a determinado momento na história da evolução da ilha aconteceu o afundamento e produziu-se uma caldeira” .
“Um estudo publicado em 2017 mostra que nesses vulcões onde existem caldeiras as probabilidades de acontecerem erupções são muito baixas. Vamos continuar a ter actividade sísmica na Brava durante algum tempo, vão ser sentidos sismos com muita frequência, mas, neste momento, as probabilidades de acontecer uma erupção nos próximos tempos ainda são muito baixas. Ainda é preciso muito mais actividddades, mais fenómenos, para se poder ter uma probabilidade maior de ocorrência de uma erupção na ilha Brava”, garantiu.
Para o geofísico do INMG o que muito provavelmente está a acontecer na Brava e os dados sísmicos sugerem isso é que o magma esteja a propagar -se na horizontal.
“Ou está-se a formar ou uma soleira, o que quer dizer uma propagação mais ou menos uniforme em termos de espessura na horizontal, ou então um lacólito que é um corpo mais abaulado e cujo centro está na zona da Praia d ´Aguada”, vaticinou o geofísico, acrescentando que se o magma não está a movimentar-se para cima, e está-se a movimentar-se para os lados, quer dizer que a probabilidade de se vir a ter uma erupção nos próximos dias é bastante reduzida.
Sobre eventuais actividades do vulcão do Fogo, Bruno Faria aclarou que se tem observado poeiras que acabam por formar uma nuvem e que são levantadas pela queda de rochas naquele sítio.
“Há um problema que é o seguinte. Tendo em consideração que este ano as precipitações no Fogo foram muito superiores aos normais, a erosão aumentou e certamente desestabilizou aquela encosta naquela zona. E agora, como o terreno já secou à superfície, as pedras rolam com facilidade e por estar seco levanta mais poeira. Não há instabilidade no interior do terreno”, assegurou.
Inforpress
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