Joelma Tavares queria ser arquiteta, mas tornou-se CEO de uma empresa de desenvolvimento tecnológico

Nascida e criada na cidade da Praia, Joelma Tavares de 40 anos é engenheira informática de formação, mestre em desenvolvimento de software e comanda a DevTrust, uma empresa tecnológica que desenvolve soluções para governação eletrónica.

Era 2007 quando Joelma regressou a Cabo Verde após concluir os estudos superiores em Portugal, logo de seguida conseguiu seu primeiro emprego no Núcleo Operacional para Sociedade de Informação (NOSi), onde trabalhou por 10 anos, primeiro enquanto coordenadora do departamento de análise e na concepção de sistemas e posteriormente, como coordenadora do gabinete técnico, até decidir que queria navegar rumo a novos horizontes.

“Foi uma decisão difícil, mas senti que era a altura de fazer uma mudança no meu percurso profissional, foi então que decidi aventurar-me e criar a minha própria empresa, a Komit, uma microempresa de prestação de serviços em soluções tecnológicas a instituições públicas.”, relata.

Após ter a sua primeira experiência enquanto empreendedora no ramo digital, a engenheira de softwares agarrou novas oportunidades de conduzir projetos maiores, foi então que em 2019, juntamente com um sócio, decidiu criar a DevTrust Consulting, empresa focada no desenvolvimento de soluções tecnológicas, onde hoje é CEO, segundo a mesma, apesar de ser do mesmo segmento que a sua primeira iniciativa, a atual empresa possui uma capacidade de resposta maior.

“Hoje com quatro anos de existência, contamos com cerca de 33 a 35 pessoas que trabalham connosco. A maioria são micro empresas criadas por jovens do mesmo segmento, aos quais subcontratamos serviços para a implementação de alguns projetos que desenvolvemos tanto a nível nacional como a nível internacional”, explica.

Para a engenheira, a aposta na contratação de jovens desenvolvedores independentes, por prestação de serviços, mostrou ser uma das “melhores soluções” para dar vazão às demandas da empresa, diante do cenário nacional em que vários jovens engenheiros ao terminarem a formação e os estágios profissionais, tendem a lidar com a divisão de um mercado “pequeno” como o nosso.

“Por isso criamos essa comunidade de jovens que conta com cerca de 17 microempresas com uma derivação de 1 a 4 jovens integrantes em cada uma. Assim nós angariamos os projetos e de seguida subcontratamos esses jovens para que possam desenvolvê-los”, completa.

Embora hoje tenha criado raízes na engenharia, engana-se quem acha que essa sempre foi a opção de carreira escolhida pela Joelma, como conta ao Balai em entrevista. Quando mais nova, a atual CEO da DevTrust sonhava seguir arquitetura e design de interiores, mas por obra do destino, os caminhos a levaram até à informática.

“Quando surgiu a oportunidade de estudar fora, havia diferentes opções de cursos para escolher, a informática era uma delas, por influência do meu pai que insistia em dizer que era o curso do futuro, acabei por escolhê-la. Na época, não tinha nenhuma noção do curso, tendo em conta a geração que pertencia, o meu contacto com a área era pouco”, conta ao lembrar dos primeiros anos de curso, que segunda a mesma, com o passar dos tempos as coisas se encaixaram, fazendo-a encontrar-se nesta área que no seu entender continua a ser dominada por homens.

“Assim como temos áreas com forte presença feminina, principalmente as de cuidado, a engenharia informática é uma das que possui uma forte presença masculina. Para mim, devemos incentivar as pessoas a seguir carreira em diferentes setores, pelo facto de garantir a diversidade e ter perspectivas diferentes num determinado assunto “.

Em jeito de análise, Joelma Tavares faz uma observação de que dentro da engenharia informática as mulheres tendem a enveredar pelas áreas mais “softs” como análises de sistemas, que segundo a engenheira costumam exigir “skills” com as quais as mulheres se identificam mais.

“Agora em todas as áreas da tecnologia, há pelo menos uma mulher, o que devemos fazer é falar delas para que possam servir de representatividade às outras. Quem não vê exemplos, não segue o caminho”, realça, destacando que na DevTrust, a representatividade tem ganhado força e conta com cerca de 47% de mulheres nas equipas.

Questionada sobre como concilia a engenharia e com outras áreas da vida, Joelma Tavares, que também tinha apostado no artesanato, há alguns anos, destaca a importância de escolher outras atividades fora da área de trabalho, para “descansar” a mente, uma vez que a engenharia informática exige ao profissional um acompanhamento constante de novos conhecimentos.

“ A tecnologia é uma área que toma bastante tempo, por isso, quando falam que há poucas mulheres na engenharia é porque entre essas poucas que entram, há quem dê uma pausa, ou procura outras áreas, porque fica difícil conciliar com outras responsabilidades”, enfatiza.

Enquanto isso, Joelma Tavares continua a trilhar os caminhos que a trouxeram até à engenharia informática, uma área que a princípio era um “completo estranho”, mas que onde hoje ocupa um lugar de chefia.

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