Alexandre Andrade: O enfermeiro tem que ter uma componente humanista muito forte

O enfermeiro Alexandre Cosme Andrade, o mais antigo a exercer esta função na ilha do Maio disse hoje, data em que se celebra Dia Internacional do Enfermeiro, que esta profissão exige uma componente humanista muito forte do profissional da área.

Em conversa com a Inforpress, Alexandre Andrade assegurou que desde muito cedo sentia um afecto fora do comum para com os seus semelhantes, razão pela qual tinha muito respeito e carinho pelos mais idosos, assim como para as crianças, mas só veio a exercer esta profissão em 1993, após ter terminado a formação nesta área que iniciou em 1989.


Na altura foi colocado no Maio, sua ilha natal, e, assim, começou a dar os primeiros passos na carreira, no antigo Centro de Saúde da ilha, que conforme lembrou, não possuía grandes condições, mas devido ao amor a profissão faziam de tudo para prestarem melhor serviço possível aos pacientes.


“Quando se tem gosto pelo que se faz e que fazemos com toda entrega possível, então a gente consegue sempre fazer do bom e do melhor”, salientou, acrescentando que o “enfermeiro é coluna dorsal de qualquer unidade hospitalar, porque é o primeiro a atender um paciente e é ele quem está na cabeceira da cama quando um paciente se encontra doente.


Por esta razão, Alexandre Andrade contou que os enfermeiros começam a desenvolver uma amizade estreita com os pacientes e acabam por se tornar um amigo confidente do seu paciente.


Enfatizou, entretanto, que no exercício desta missão devem sempre tentar separar a parte emocional do profissional e passar uma mensagem de confiança e esperança aos seus pacientes, mesmo em momentos difíceis, aliás lembrou que são nestas horas que a pessoa precisa de ânimo.


Aquele profissional que começou a exercer a função ainda bastante jovem, fez saber que nos primeiros dias, as pessoas começaram a estranha-lo como enfermeiro, mas com o tempo acabaram por aceitá-lo naturalmente.


Considera que o enfermeiro na altura gozava de um grande respeito por parte das pessoas, embora ainda hoje sente este carinho, mas não é igual quando começou.


Alexandre Andrade disse ainda que, exerceu esta função no norte da ilha, concretamente na zona de Pedro Vaz, onde fazia a cobertura de quase metade da ilha, num tempo em que havia muita dificuldade de mobilidade, mas mesmo assim as pessoas um pouco por toda ilha deslocavam até aquele povoado para que fossem consultadas por ele.


“No posto em que trabalhava na altura nem sequer tínhamos eletricidade quanto mais telefone. Para conseguirmos fazer uma ligação tínhamos que deslocar à casa de um senhor, onde foi instalado um único telefone para servir toda a região norte da ilha, mas mesmo assim foi um dos meus melhores momentos em termos profissionais”, contou.


Para Alexandre Andrade, o exercício desta função é muito exigente e carece de muita atenção por parte do profissional, desabafando que “um dos momentos mais feliz e marcantes durante todo esse tempo é ver uma mulher grávida chegar com dores e depois de algum tempo, vê-la toda feliz com o seu bebé na mão”.


Alexandre Andrade lembrou, por outro lado, que a classe está a viver um momento muito difícil, visto que os enfermeiros estão na linha da frente do combate da pandemia da covid-19, por isso aproveitou a ocasião para incitar os colegas a terem coragem e determinação nesta missão que considera ser de todos.


Lembrou, por outro lado, que em 1995, Cabo Verde enfrentou um surto de cólera, mas com determinação e vontade conseguiram vencer a doença, pelo que acredita que se todos fizerem a parte que cabe a cada um, dentro em breve esta situação vai passar e tudo voltará à normalidade.


Inforpress/fim

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