Marcos Rodrigues leva a tribunal eleição na Confederação Empresarial da CPLP

O empresário Marcos Rodrigues apelidou hoje de “tentativa de golpe” uma segunda votação para a presidência da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP), após a sua eleição, e disse que vai levar o caso a tribunal.

“Os advogados da CE-CPLP, que eu lidero, já estão a trabalhar afincadamente com os processos para poder entender a extensão dessas tentativas”, reagiu em conferência de imprensa, na cidade da Praia, o presidente da Câmara de Comércio do Sotavento (CCS) cabo-verdiano, à anulação da votação que o elegeu em 29 de novembro e à realização na segunda-feira de uma nova votação, com a eleição de Nelma Pontes Fernandes.

Na terça-feira, a empresária Nelma Fernandes explicou que a votação foi anulada porque foi comprovado que nem todos os países tinham condições para votar, e que os países têm que, no ato de exercer o seu voto, espelhar a vontade do país, não a vontade da pessoa que está a votar.

“Foi nesse sentido que houve essa alteração, porque os países neste momento foram representados pelos presidentes da própria associação de cada país, na maioria, e foi obedecido o voto do país, não a opinião individual da pessoa que vota”, explicou.

Na conferência de imprensa, Marcos Rodrigues salientou que a sua eleição foi legítima, todos os associados que votaram na sua candidatura tinham as quotas em dia e que tomou posse, conforme as respetivas atas.

O também presidente do Conselho Superior das Câmaras de Comércio e Turismo de Cabo Verde disse que não houve nenhuma impugnação formal do ato eleitoral inicial e que a segunda se trata de uma “eleição fantasma” para a qual a CCS nem sequer foi convocada.

“O que revela que são um grupo de amigos, que estiveram a dirigir durante muito tempo a confederação a seu bel-prazer, com interesses próprios e que querem perpetuar no poder”, atirou Marcos Rodrigues, com duras críticas dirigidas ao moçambicano Salimo Abdula, presidente cessante da CE-CPLP, e a Nelma Fernandes, que era vice-presidente da comissão executiva.

“Não existe outra candidatura e não existem outras eleições. As eleições que decorreram no dia 29 de novembro foram claras, específicas e muito concorridas, e estiveram lá todas as pessoas da comunidade empresarial da CPLP”, recordou Rodrigues, que falou, por isso, de uma “candidatura fantasma” de Nelma Fernandes, que perdeu a eleição anterior.

O empresário cabo-verdiano disse que não se sabe, até ao momento, qual o país ou associação empresarial da CPLP que a Nelma Fernandes está a representar, descrevendo, por isso, a segunda eleição como uma “tentativa de golpe”, um “assalto” e um “caso de polícia”.

Marcos Rodrigues disse que foi uma “fraude enorme”, liderada por Salimo Abdula e a sua mulher, que dirigiram a CE-CPLP durante oito anos, sem prestar contas, sem mostrar serviços prestados, perderam a sede da instituição, entre muitos outros problemas.

O cabo-verdiano disse que se apresentou às eleições conforme as diretrizes da anterior direção, e chegou mesmo a protestar sobre várias situações que considerou serem ilegais, mas que não foram atendidas.

“E mesmo assim fomos às eleições e, para o desagrado e o desalento dos mesmos, nós ganhámos as eleições porque os países querem mudanças e não pretendem mais do mesmo”, considerou, dizendo que a confederação é um “instrumento importante e nobre” e que todos os países estão empenhados em alavancar o tecido empresarial da comunidade lusófona.

“Não podemos continuar a desenvolver certas atividades sem uma confederação forte, unida e transparente”, insistiu Marcos Rodrigues, referindo que o “erro crasso” que cometeu foi, no discurso de posse, ter anunciado a realização de uma auditoria à instituição.

“Penso que a partir desse momento o alarme despertou e as pessoas entraram numa crise existencial e tomaram essas medidas”, revelou, dizendo que “algo importante” está por detrás destas “manobras” de um “grupinho muito restrito” e “bem identificado”.

Relativamente às quotas em atraso, disse que cabia à anterior direção disponibilizar uma lista dos associados com situação regularizada e os que não a têm, e que essas informações foram solicitadas, mas não obteve nenhuma resposta.

“O que posso dizer é que a Câmara de Comércio do Sotavento tem as suas quotas em dia, e falei com os outros países e disseram que têm as quotas em dias”, insistiu o empresário cabo-verdiano, que aproveitou ainda para pedir a todos os associados para se manterem tranquilos e seremos e pediu a Nelma Fernandes para aceitar os resultados das eleições.

A CE-CPLP foi fundada em Lisboa em 4 de junho de 2004 e é uma organização que visa o desenvolvimento e cooperação do empresariado dentro do espaço lusófono, contando com cerca de uma centena de associados dos nove países da comunidade.

Lusa

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