Ministro diz que decisão sobre redução da idade reforma dos marítimos tem uma dimensão política

O ministro do Mar disse ontem, dia 27, no Mindelo, que a decisão de reduzir a idade de reforma dos marítimos não pode ser apenas técnica, da parte do INPS e do Ministério das Finanças, por haver uma dimensão política.

Abraão Vicente falava no final de uma reunião com representantes do Simetec para, entre outros, abordar a questão da redução da idade de reforma dos marítimos de 65 para 60 anos, durante o qual o representante do sindicato, Tomás de Aquino, traçou o histórico das várias decisões, desde 1993, e as várias reconfirmações por parte do Conselho de Concertação Estratégico e Social no sentido de se implementar a decisão.

Segundo Abraão Vicente é “obrigação do Estado” promover a reforma numa decisão que não pode ser apenas técnica, da parte do INPS e do próprio Ministério das Finanças, pois, precisou, “há que considerar as especificidades do trabalho dos marítimos, o desgaste físico, as doenças precoces e degradação da saúde dos marítimos depois dos 60 anos”.

“Propusemos um novo encontro de trabalho daqui a uma semana com uma proposta concreta por parte da assessoria do Ministério do Mar no sentido da alteração do diploma de reforma de 65 para 60 anos, mas também o estudo do impacto orçamental que terá antes de se ter qualquer tipo de reuniões”, declarou o ministro do Mar.

É que, segundo a mesma fonte, o próprio Ministério das Finanças poderá encontrar uma forma de absorver ao longo dos anos os custos dessa reforma, que implicará também a afixação de um novo modelo para aqueles que entram agora na carreira de marítimo.

Havendo vontade institucional de ambas as partes, sindicato, Segurança Social e Governo, continuou Abraão Vicente, “há aqui uma medida que tem que ter uma dimensão política”, ou seja, “tem que ir além dos cálculos e vontades institucionais”.

Basicamente, sugeriu o ministro, a questão é saber se após os 65 anos os marítimos terão a possibilidade de gozar a sua reforma, e se não terão os marítimos o mesmo nível de desgaste de outras profissões que já têm condições de reforma preferenciais, como são os casos da classe dos professores, por exemplo.

“Temos que pensar o futuro, o impacto que a classe actualmente no activo poderá ter no Orçamento do Estado e tomarmos uma decisão política do Governo em absorver esses custos”, sintetizou Abraão Vicente.

Da parte do Simetec, o presidente Tomás de Aquino revelou à saída do encontro “esperança e confiança” em relação ao posicionamento do ministro do Mar, sobretudo na parte em que afirma que a questão da redução da idade da reforma dos marítimos não é só técnica, mas uma questão política.

“Nós sempre dissemos que esta questão é política e que só vem arrastando há cerca de 30 anos por fala de coragem e decisão política”, reforçou a mesma fonte.

“Ficamos de voltar aqui na próxima semana já com algo mais concreto, vamos colaborar com os técnicos do Ministério do Mar para vermos se brevemente resolvemos a questão da redução da idade de reforma dos marítimos de 65 anos para 60 anos”, precisou Tomás de Aquino.

A questão que se coloca, continuou o sindicalista, é quem vai financiar a compensação em relação aos cinco anos de redução da idade de reforma, período de tempo em que os marítimos não vão descontar, sendo certo que o INPS já disse que “não vai assumir estes custos” por causa da questão da sustentabilidade.

“Não sendo possível pela via do INPS, o Estado, através do Tesouro, pode perfeitamente, por causa da natureza e importância do trabalho que os marítimos fazem, compensar o INPS com os custos dessa redução da idade de reforma de 65 para 60 anos”, referiu Tomás de Aquino.

Durante a audiência com o ministro do Mar foram ainda abordadas questões à volta da carreira contributiva dos marítimos, a inscrição dos marítimos que trabalham no estrangeiro, e que não conseguem contribuir para o sistema de segurança social dos países dos navios onde trabalham e nem em Cabo Verde, a grelha salarial dos marítimos e a fiscalização do trabalho.

Inforpress

 

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