Núria Moreno, a “Gata Borralheira” cabo-verdiana que encontrou na mania de limpeza uma forma de sair do desemprego

Num mundo onde muitos veem a limpeza como uma tarefa menos prazerosa, Núria encontrou a sua “vocação”.

Quem passa pela rotunda do Homem de Pedra, na Várzea, cidade da Praia, depara-se com um cartaz com uma jovem de sorriso rasgado com o título de Gata Borralheira e a oferta de serviços de limpeza. A mulher do anúncio é Núria Moreno, praense de 35 anos, e que encontrou na sua mania de limpeza uma alternativa de negócio.

“Gata Borralheira” (Cinderela) é o título de uma das histórias mais populares de contos de fadas, mas a realidade de Núria não era a versão original da história, conforme explicou em entrevista ao Balai.

“Antes de criar a Gata Borralheira, estava desempregada. Encontrei uma oportunidade de trabalho temporário como segurança de eventos, mas, com a chegada da pandemia da covid-19, voltei ao desemprego”, recorda.

Até então, a palavra empreender nunca constava dos planos de Núria, conforme explica, a mesma quase entrou para as estatísticas de jovens cabo-verdianos que encontraram na emigração uma oportunidade de mudar de vida.

“Devido à interrupção precoce dos meus estudos e à situação de desemprego em que encontrava, o meu objetivo era emigrar e procurar melhores condições de vida, fora do país. Sendo cabo-verdiana, é sabido que a emigração está no nosso sangue”, diz.

Mas, foi precisamente durante a pandemia, no período pós-quarentena, que a ideia de iniciar um negócio próprio ganhou forma.

“A ideia surgiu durante a pandemia, quando convidei uma cunhada para se juntar a mim na prestação de serviços de limpeza domiciliar. Inicialmente, fazíamos a limpeza de uma casa por dia. Com o tempo, o meu atual companheiro, propôs que oficializássemos o negócio. Depois disso, passamos a oferecer serviços de limpeza e lavagem de estofos”, explica Nuria.

Questionada sobre a escolha do nome da empresa e qual seria a história por detrás, a “Gata Borralheira” explica: “O nome na verdade é um apelido dado pelo meu marido devido às minhas manias de limpeza. A alcunha inspirou-nos a atribuir o nome à empresa”, partilha e explica que a mania da limpeza começou cedo, ainda na infância, influenciada pela mãe.

“Aos fins de semana, a minha mãe tinha o hábito de fazer uma limpeza geral aos domingos, começando de manhã e terminando à tarde. Cresci com esse hábito de limpeza”, completa.

Diante do surgimento de outras empresas no mercado que atuam no mesmo ramo, Núria defende que o que diferencia a “Gata Borralheira” das demais é justamente a sua “paixão pela limpeza”.

“Digo que a limpeza é o que sei fazer de melhor. Muitas pessoas iniciam negócios na área de limpeza visando o lucro, mas a minha motivação é o prazer em ver as coisas limpas e organizadas”, destaca Nuria.

Com três anos no mercado e olhos postos no futuro, a empreendedora manifesta sua preocupação e interesse em manter a “dedicação” nos trabalhos que a mesma oferece, no caso de uma “possível expansão”, que segundo Nuria Moreno, é a “qualidade e a paixão que tornam a Gata Borralheira única no seu ramo”.

“Várias pessoas passaram na equipa e trabalharam connosco, mas são poucas as que via com aquela “paixão” pelo trabalho. Acho que por ser uma atividade que gasta muita energia, muitas pessoas fogem dela. Por isso, atualmente somos apenas duas pessoas a trabalhar internamente”, informa a mesma, afirmando que de vez em quando, opta pela contratação de pessoas de forma temporária quando a demanda é grande.

Para o futuro a “Gata Borralheira” cabo-verdiana almeja a contratação de mais mão de obra para responder aos seus objetivos de alargar os serviços por toda a ilha de Santiago. Até lá, Nuria mantém-se firme e orgulhosa em fazer do hábito de infância o próprio negócio.

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