
Sábado, 9 de Dezembro, 2023
O pastor Luís Monteiro fez essa análise quando abordado pela Inforpress, a propósito do Dia Mundial da Língua Portuguesa celebrado a 5 de Maio.
“Creio, sem desprimor pela língua cabo-verdiana, que houve um certo retrocesso. É claro que o evangelho, quando é pregado, tem como intuito passar a mensagem. Porque se eu falar uma língua que não é entendida por mais alguém, estou sendo bárbaro, e não estarei comunicando”, manifestou.
“Mas, também, tomamos a língua cabo-verdiana como um socorro para não desenvolvermos a língua portuguesa e temos tido algum prejuízo neste particular”, considerou, exemplificando que os jovens não tomam tempo para ler, que também nas escolas não se ouve com frequência que se ouvia, o uso da língua portuguesa, uma vez que os professores têm a opção de falar tanto o português quanto o crioulo nas aulas.
Segundo o pastor, a Igreja do Nazareno tem a velha tradição, de nos seus serviços públicos, falar em português, o que era, conforme salientou, um meio através do qual os congregantes também aprimoravam os seus conhecimentos em matéria da língua portuguesa.
Observou, entretanto, que hoje isso não é tão visível, dado ao incremento do crioulo, e a intenção de oficializar a língua cabo-verdiana, o que, no seu entendimento, distancia as pessoas do “hábito bom” de falar o português correctamente.
“Antigamente, também tínhamos bons comunicadores, refiro-me aos pastores, professores da Escola Dominical, que falavam com algum nível, alguma desenvoltura a língua portuguesa, o que propiciava aos ouvintes a possibilidade de aprenderem mais”, considerou, reiterando que no passado, os melhores alunos da língua portuguesa eram da igreja do Nazareno, inclusive.
“Vamos trabalhar mais para que a nossa língua cresça no nosso meio, porque até ter o crioulo como língua oficial e como instrumento de trabalho para produção de documentos… creio eu que ainda vamos esperar algumas décadas”, concluiu, aconselhando os professores tanto do ensino básico como do privado a se dedicarem à leitura, porque alguns deles, nomeadamente os da língua portuguesa, conforme referiu, “não têm desenvoltura na comunicação”.
Inforpress/Fim
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