
Sábado, 3 de Junho, 2023
O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) defendeu ontem, dia 24, a urgência no reforço do apoio social e promoção socioprofissional para as mulheres e a intensificação de esforços no combate à violência contra as mulheres.
Numa declaração política, proferida hoje no Parlamento, a deputada do PAICV Janira Hopffer Almada enalteceu as celebrações do “Março, mês da mulher”, realçando que nunca será demais reconhecer que a mulher cabo-verdiana tem sido a guardiã de sonhos e do porvir e o garante dos valores e alicerces, sobre os quais se edifica a nação cabo-verdiana.
Contudo salientou que é importante que se pense a mulher e se actue para o seu bem-estar para além de Março.
Janira Hopffer Almada salientou que apesar dos compromissos assumidos por Cabo Verde e do reconhecimento formal do princípio da igualdade de género, a sua concretização está muito aquém do que seria desejável, sendo a liderança e a participação política das mulheres um dos principais desafios do País.
Ademais acrescentou que a pobreza e trabalho informal têm rosto feminino, que as desigualdades de oportunidades e de salários são realidades na sociedade cabo-verdiana marcada, ainda, pelo aumento de casos de Violência com Base no Género (VBG) em que as vítimas são maioritariamente mulheres.
“No domínio da participação política, nas eleições legislativas de 2021, foram eleitas deputadas 27 mulheres. E, nas Eleições Autárquicas de 2020, 40% de mulheres foram eleitas nas assembleias municipais. No que diz respeito ao Governo, resulta evidente o absoluto descomprometimento com a igualdade do género (iniciou o mandato com 28 membros, e conta apenas com quatro ministras e cinco secretárias de estado), precisou.
Por isso, considera que apesar de algumas conquistas, as evidências indicam uma profunda desigualdade de representação das mulheres no processo de decisão do arquipélago.
Neste sentido, indicou que o PAICV defende a redução da pobreza, pela via da promoção de um desenvolvimento inclusivo, e do reforço do apoio social e da promoção socioprofissional para as Mulheres, salientando que é urgente e deve constituir prioridade da governação.
“É inadiável a integração, no trabalho, do princípio do mesmo salário para trabalhos de igual valor, entre homens e mulheres, a par do alargamento dos apoios socioeducativos à infância, para libertar as mães para outras funções”, apontou.
Por outro lado, Janira Hopffer Almada sustentou que é determinante a intensificação de esforços no combate à violência contra as mulheres, o alargamento dos gabinetes de atendimento especializado às vitimas e a criação de condições para a instalação, em todo o território nacional, de casas de abrigo temporário para as vítimas.
Ao reagir à declaração política do PAICV, o Movimento para a Democracia (MpD) e a União Cabo-verdiana Independente Democrática (UCID) juntaram a sua voz reconhecendo que é preciso ir além de Março.
A deputada do MpD, Vanusa Oliveira disse que é evidente que muitos direitos das mulheres ainda não estão salvaguardados, mas adiantou que o Governo está ciente dessa realidade.
“O Governo tem o programa ‘Mais’ em que as mulheres são um dos públicos-alvo prioritários no que diz respeito à implementação de políticas públicas”, adiantou.
No entanto sugeriu ao executivo que para além de trabalhar o empoderamento económico das mulheres trabalhe também o empoderamento emocional das mulheres para elevar a auto-estima da mulher e garantir a sua autonomia em todos os sentidos.
Da parte da UCID a deputada Zilda Oliveira, frisou que género é um conceito construído socialmente, pelo que defende que todos são responsáveis pela desigualdade que se constata na sociedade cabo-verdiana.
Neste sentido apelou a todos que, enquanto educadores, zelem pela mudança de atitude e de comportamentos.
“Nós, deputados e todos aqueles que nos acompanham, os pais e os professores, todos de uma forma geral, fazemos este apelo de começarmos a fazer a mudança, na escola, em casa. Não há cor de menina e de rapaz, não há brinquedo de meninas e de rapaz, não há trabalho de mulher e trabalho de homens. É necessário começarmos a trabalhar a mudança de atitudes, sentimentos, valores e comportamentos”, sustentou.
Inforpress