Papa emite novas regras sobre corrupção

O Papa Francisco emitiu esta quinta-feira, 29, nova regulamentação anticorrupção para assegurar que os seus próprios cardeais e gestores são transparentes e honestos.


As novas regras implicam que os cardeais e gestores do Vaticano declarem periodicamente que investem apenas em fundos compatíveis com a doutrina católica e que não estão sob investigação criminal ou têm dinheiro em paraísos fiscais.


Uma nova lei hoje publicada contém também uma proibição que, a ser amplamente aplicada, significará uma revolução na cultura da Curia: Proíbe qualquer empregado do Vaticano de receber presentes relacionados com o trabalho com valor superior a 40 euros.


Como “relacionado com o trabalho” poderia levar a interpretações ambíguas, a proibição visa claramente reduzir os presentes, por vezes de luxo, que costumam receber as autoridades do Vaticano de benfeitores ricos, amigos e membros do clero.


A medida restritiva do Papa ocorre quando os procuradores do Vaticano estão há quase dois anos a desenvolver uma investigação anticorrupção que envolve investimento do Vaticano num empreendimento imobiliário em Londres.


Francisco pregou sobre a eliminação da corrupção no Vaticano, durante anos, mas a nova lei marca o seu maior passo até agora para assegurar que os seus próprios cardeais e gestores estão “limpos”.


O chefe da Igreja Católica decretou que todas as novas contratações devem estar sujeitas à assinatura de uma declaração atestando que o candidato nunca foi condenado por um crime e não está sob investigação por situações que incluam lavagem de dinheiro, corrupção, fraude, exploração de menores ou evasão fiscal.


A declaração deve ser renovada a cada dois anos, estando contemplada a possibilidade de despedimento como penalização por mentir.


Também incluída na declaração está a garantia de que nem o gestor, nem terceiros, dispõem de investimentos em paraísos fiscais e que todos os investimentos estão em linha com a doutrina social da Igreja Católica.


Estes requisitos éticos para o investimento poriam de parte, por exemplo, o fabrico de armas.


No preâmbulo da lei, Francisco escreveu que a regulamentação era necessária porque “a corrupção pode manifestar-se de diferentes formas e maneiras”.


Os superiores do Vaticano, escreveu, “têm a particular responsabilidade de concretizar a fidelidade de que fala o Evangelho, agindo de acordo com os princípios de transparência e sem qualquer conflito de interesses”.


A lei foi publicada na mesma semana em que a adesão da Santa Sé às normas internacionais de combate à lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo está a ser analisada pelo comité de peritos do Conselho da Europa para avaliação de medidas nesta área (Moneyval).


Os avaliadores do Moneyval visitaram a Santa Sé no Outono e estiveram a apresentar o seu relatório aos Estados-membros para discussão e adopção. Não se prevê que o relatório seja publicamente divulgado antes de passarem mais algumas semanas.


Inforpress/Lusa/fim

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