
Quarta-feira, 29 de Março, 2023
A campanha surge na sequência da publicação de um vídeo de crianças cabo-verdianas a fazer danças explícitas incentivadas por um grupo de adultos.
Depois de um influencer cabo-verdiano ter partilhado um vídeo, no início do mês de janeiro, com crianças a dançar de forma explícita e a imitar movimentos sexuais rodeados por adultos que incentivam a dança, a médica e ativista Fanny Martins resolveu denunciar a atitude e lançar, através da página Falar Tabu, a campanha “É ka normal #protejinosmininu”.
O objetivo desta iniciativa é denunciar a situação e provocar o debate público sobre as atitudes levadas a cabo por adultos que normalizam uma série de comportamentos nocivos às crianças na sociedade cabo-verdiana. Segundo Fanny, até onde sabe, o vídeo já contava com mais de 50 mil visualizações.
“O mais triste é que nos comentários eram poucos que condenavam o que estava a acontecer, ou que ao menos dissessem que aquilo não era um lugar para crianças (…). Sabemos que em Cabo Verde temos um grave problema de abuso sexual e pedofilia”, afirma Fanny Martins em entrevista e lamenta que “a sociedade normalize este tipo de ações e os adultos não dizem nada, mas sim incentivam e metem nas redes sociais”.
A campanha ‘É ka normal # protejinosmininu’ visa principalmente chamar a atenção dos pais e encarregados de educação de como este tipo de prática é normalizado, mas não o deveria ser.
Paralelamente, Fanny diz que pediu aos utilizadores sugestões sobre outras atitudes que são nocivas para as crianças e são normalizadas, elaborando assim uma lista de 20 itens. Entre os comportamentos normalizados estão: bater em crianças, deixar as crianças comprar bebidas alcoólicas, deixar crianças responsáveis por outras crianças, deixar as crianças a brincar na rua até de madrugada, entre outros comportamentos denunciados pela plataforma (ver lista completa no link).
A ambição é levar esta campanha para a televisão pública, diz a mentora da campanha.
A jovem lamenta que quando denunciadas estas situações, muitas vezes o foco torna-se quem denuncia e não o comportamento inadequado e a normalização do mesmo.
“Em Cabo Verde tratamos os nossos filhos como se fossem uma classe inferior, a criança também é um ser humano que merece respeito, carinho e proteção. Temos de começar a quebrar estes ciclos que começaram no tempo da escravatura. A forma como são agredidas as crianças, sob a capa da educação, não é normal. É por isso que a campanha é muito importante para começar a desconstruir estas ideias”, finaliza.
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