Síndrome de Down: Colmeia aponta professores de apoio, transporte escolar e despiste vocacional entre necessidades mais urgentes na educação

As necessidades foram apontadas pela Presidente da Associação Colmeia que falava no âmbito do Dia da Síndrome de Down assinalado sob o lema “Posso ter uma deficiência, mas sou um ser humano. Não me rotule”.

Combater o preconceito e garantir a inclusão social são as grandes metas a alcançar em 2023 em relação aos jovens, crianças e adolescentes portadores da Síndrome de Down (Trissomia 21), segundo avança a presidente da Associação Colmeia, Isabel Moniz. A líder associativa abordou estas questões no âmbito de uma atividade por ocasião do Dia da Síndrome de Down, no Palácio da Presidência da República que teve lugar hoje, dia 21 de março.

Isabel Moniz explicou que o lema deste ano – “Posso ter uma deficiência, mas sou um ser humano. Não me rotule” – foi inspirado no fato de que a sociedade coloca muitos rótulos nas pessoas portadoras de deficiência. O lema vai ser adotado em outras celebrações da Colmeia, Associação de Pais e Amigos de Crianças e Jovens com Necessidades Especiais, como forma de sensibilizar as autoridades e a sociedade no geral para esta questão.

A presidente da Colmeia ressalvou ainda que uma pessoa com Síndrome de Down é uma pessoa como outra qualquer e destacou que a problemática da deficiência tem tido maior atenção devido ao aumento do número de pessoas portadoras de alguma deficiência no país, apesar de reconhecer que ainda existem dificuldades a nível de saúde, emprego e educação.

De acordo com os dados do Recenseamento Geral da População e Habitação de 2021, Cabo Verde tem cerca de 47 mil cabo-verdianos que vivem com alguma deficiência, dos quais 29 mil são mulheres e 18 mil homens.

Em termos comparativos, Isabel Moniz considerou que houve avanços, mas reiterou a necessidade de respostas mais céleres com um serviço de intervenção precoce. Enumerou medidas como a pensão social para os pais que não trabalham, transporte escolar, despiste vocacional, emprego protegido e professores de apoio para os alunos portadores de deficiência.

“Deve haver no sistema a abrangência das outras terapias que não estão cobertas pelo INPS para qualquer cidadão que estiver na situação de deficiência”, ponderou, acrescentando que a deficiência não tem cura, mas melhora com a reabilitação. “É um trabalho que é necessário fazer”, destacou, adiantando que durante todos estes anos a Colmeia tem dado acompanhamento às famílias, mas que a instituição enfrenta problemas financeiros que dificultam uma resposta mais célere.

Conta que a instituição recebe uma quantia de 87.750 escudos do Estado e desde o mês de novembro com o suporte da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que financiou um dos projetos da associação. Contudo, prevê que para abril a associação passe por um “sufoco financeiro” por falta de condições económicas.

Atualmente, a Colmeia conta com 100 crianças com atendimento continuado, dos quais cerca de 70 são portadoras de Síndrome de Down, totalizando 578 beneficiários dos serviços prestados pela associação a nível nacional.

No seu discurso, o Presidente da República, José Maria Neves, destacou a importância de datas como esta que trazem uma maior visibilidade e engajamento das pessoas para a causa. “É uma luta de todos, temos de fazer um grande ‘djunta mon’ para realizar o que está estabelecido no artigo VI da Constituição”, disse.
Cabo Verde ratificou em 2010 a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, um acordo que pretende assegurar o exercício pleno dos direitos dos portadores de deficiência. O chefe de Estado afirmou que a implementação desta convenção é ainda um desafio mas é um passo para uma sociedade mais inclusiva e acessível.

Paralelamente, o PR regozijou-se com a perseverança das organizações e das pessoas portadoras de deficiência que lutam para garantir os seus direitos e bem-estar perante as adversidades.

Focando-se na problemática da monoparentalidade no país, José Maria Neves abordou a situação das mães que têm que cuidar de filhos com necessidades especiais estando impossibilitadas de trabalhar e carecendo de ajuda financeira, uma situação que incrementa a pobreza. “Os homens cabo-verdianos não são fracos, mas todos os dias revelam sinais de fraqueza ao não assumirem as suas responsabilidades em relação aos seus filhos, particularmente aqueles que têm necessidades específicas”, advertiu.

Por fim, o Presidente da República apelou à consciência de todos para a tomada de medidas que ajudem na melhoria de condições na educação, saúde e outras áreas para uma promoção e inclusão mais significativa. “A visibilidade, a inserção, o respeito e a valorização das pessoas com deficiência são imperativos para o mundo que aspiramos”.

Instituída desde 2006 pelas Nações Unidas, a data é uma forma de consciencializar os cidadãos sobre a igualdade de oportunidades e melhoria das políticas públicas para pessoas que tem a Síndrome de Down.

A efeméride foi ainda marcada pela soltura de balões amarelos e azuis, que representam a Síndrome de Down, para além de uma exposição de quadros pintados por pessoas portadoras da Trissomia21, a venda de livro “O Sonho da Laurinha”, da autora brasileira Carina Alves, e ainda atividades recreativas, culturais e desportivas.

 

Celine Salvador / estagiária

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